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segunda-feira, 28 de julho de 2014

O Reino dos Céus é como...

17º DTC (Ano A): 1Reis 3,5.7-12; Salmo 119 (118); Romanos 8,28-30; Mateus 13,44-52


Jesus, mediante as parábolas do tesouro e da pérola, apresenta o Reino como bem supremo. A graça de Deus leva a investir todos os bens e capacidades para adquirir o Reino. Os descobridores afortunados, cheios de alegria, sem hesitar um instante, vendem tudo o que têm para adquirir o tesouro e a pérola. Jesus ressalta que vale a pena empenhar a vida na realização plena do seu Reino. A opção radical por Jesus e seu projeto de salvação leva a relativizar outras prioridades. Ao longo de seu ministério, Jesus proclamou a Boa Nova do Reino, oferecendo um caminho de conversão e vida nova. A parábola da rede lançada ao mar, que recolhe toda espécie de peixes, realça a abertura do Reino a todos os povos. Conforme Lv 11,9-12, parte dos peixes capturados pela rede não eram comestíveis por serem considerados impuros. O chamado dos discípulos começou com uma imagem de pesca (4,19). Os verdadeiros discípulos compreendem os mistérios do Reino e tornamse aptos para ensinar a novidade de Jesus, mostrando a continuidade com as tradições antigas. Todo escriba que se torna discípulo do Reino dos Céus é como um Pai de família, que tira do seu tesouro coisas novas e velhas (v.52).

Salomão, na 1ª leitura, consciente da grandeza de sua missão, pede a Deus um coração sábio para governar o povo com justiça e retidão. No salmo, o orante encontra na palavra de Deus um tesouro mais precioso que o ouro; um manancial de luz e sabedoria. A 2ª leitura salienta que Deus conduz todos os acontecimentos.

Jesus revelou o tesouro, a pérola especial, que possibilita uma entrega incondicional ao seu Reino. Somos chamados a lançar as redes nas águas profundas, anunciando a Boa Nova de Jesus com alegria, esperança, ardor missionário. Com Jesus supliquemos ao Pai: Venha o teu Reino.

(Extraído da Revista de Liturgia)
Para refletir e partilhar:
01. O que as parábolas do tesouro escondido e da pedra de grande valor nos revela sobre o Reino dos Céus?
02. Você acha que encontrar o Reino dos Céus desencadeia uma mudança alegre e radical na vida da gente? Você já fez esta experiência? Partilhe.
03. Como você e sua comunidade buscam ser discípulos-missionários do Reino dos Céus nesse mundo marcado por tanta violência, guerra, ganância, cinismo e indiferença?
04. Você acredita que o Reino dos Céus está no meio de nós? Onde? Quais são os lugares que você experimenta o Reino dos Céus?
05. Quais pessoas você sente que têm suas vida centrada no Reino dos Céus?


Oração

Ó Deus, nossa força e nossa esperança,
tu santificas as nossas vidas
com a ternura do teu Espírito.
Derrama sobre nós a tua misericórdia
para que, guiados e conduzidos por ti,
pratiquemos a justiça na terra
e testemunhemos firmemente o teu reino.
Por Cristo Nosso Senhor.
Amém.

sábado, 19 de julho de 2014

Quem tem ouvidos, ouça! (II)

16º DTC (Ano A): Sb 12,13.16-19; Sl 86(85); Rom 8, 26-27; Mateus 13, 24-43


As duas parábolas [do evangelho] acentuam que o Reino de Deus acolhe todos os povos. O joio é uma erva daninha semelhante ao trigo até a formação das espigas. Os servos, ao constatarem a presença do joio, querem arrancá-lo. O dono do campo, porém, afirma: Deixai crescer um e outro até a colheita! (v.30). Na hora da colheita, o critério para distinguir os frutos, o trigo do joio, é a prática do mandamento do amor ao próximo. Apesar das dificuldades, a colheita do trigo é assegurada pela graça do Senhor. O Reino abriga todos os povos, como ilustra a imagem dos pássaros que fazem seus ninhos no arbusto da mostarda. A pequena semente de mostarda, que se transforma numa grande árvore, e o fermento, que leveda uma enorme quantidade de massa, sublinham a força dinâmica de crescimento do Reino. Assim, as pequenas comunidades cristãs são animadas a superar os desafios na difusão do evangelho.

Na 1ª leitura, muitos se perguntavam por que Deus não intervinha para castigar os pecadores. Então, o autor mostra que Deus usa sua força para perdoar e salvar. Sua misericórdia estende-se sobre todos e seu desejo é que mudem de vida. Deus cuida de suas criaturas com amor e espera que o ser humano faça o mesmo. O salmista reza confiante ao Senhor, Deus de piedade e compaixão, cheio de amor e fidelidade. A 2ª leitura destaca que o Espírito nos ensina a orar segundo a vontade de Deus. O Espírito intercede por nós com gemidos inefáveis, auxiliando-nos a viver uma relação confiante de ternura com o Pai.

Somos chamados à conversão, a construirmos uma nova sociedade, fundamentada na misericórdia. Como comunidade eclesial, temos a missão de revelar a verdadeira face do amor de Deus, acolhendo todas as pessoas. A graça de Deus nos motiva a sermos fermento de transformação na massa.

(Extraído da Revista de Liturgia)
Para refletir e partilhar:
01. Como você e sua comunidade têm convivido com as diferenças?
02. Onde você percebe a presença e o dinamismo do Reino de Deus atuando? Qua é a imagem de Deus que esta parábola revela? Partilhe.
03. A liturgia da sua comunidade tem te ajudado a entrar na dinâmica do Reino de Deus? Compartilhe.


Oração

Ó Deus, pastor do teu povo e mãe da vida,
sê generoso com teus filhos e filhas!
Enche-nos da tua ternura
para que, cheios de fé, esperança e amor,
guardemos fielmente os teus mandamentos.
Por Cristo Nosso Senhor.
Amém.




sábado, 8 de outubro de 2011

Dizei aos convidados: já preparei o banquete.


28º DTC (Ano A): Isaías 25,6- 10a; Salmo 23(22); Filipenses 4,12-14.19-20; Mateus 22,1-14

No evangelho, Jesus compara o Reino de Deus ao banquete que um rei oferece por ocasião do casamento de seu filho. A imagem do matrimônio caracteriza especialmente a aliança de Deus com o povo (Os 1-3; Jr 2,2-3). As bodas do filho do rei simbolizam a chegada do Reino de Deus, o tempo novo de salvação inaugurado por Jesus, o Messias. Deus realiza o banquete nupcial da salvação com a humanidade, enviando Jesus, para resgatar a dignidade dos que estão nas encruzilhadas da vida. O convite é oferecido a todos, mas exige a resposta pessoal, a disposição para a mudança radical de vida: Amigo, como entraste aqui sem o traje de festa? (v.12). Deus oferece a oportunidade para o ser humano participar ativamente da alegria e felicidade do Reino. Os escolhidos são os que aceitam o convite e respondem com fidelidade ao chamado de Deus, realizando a sua vontade. Deus não se cansa de proporcionar os meios de conversão, enviando profetas e apóstolos para guiarem o povo no caminho da vida e salvação.

Na 1ª leitura, Deus oferece um banquete festivo a todas as nações para comemorar o seu reinado. A 2ª leitura mostra que a força de Cristo ressuscitado sustenta Paulo em meio às dificuldades, quando lhe faltam as condições mínimas à sua ação evangelizadora: Tudo posso naquele que me dá força.

Deus nos convida para celebrarmos o banquete do Reino, sinal de seu amor gratuito sem medidas. Como homens e mulheres renovados em Cristo pelo Espírito, possamos ser dignos de estar à sua mesa, dando testemunho de nossa dedicação e fidelidade constante.
 (Extraído da Revista de Liturgia)

Para refletir e partilhar:
1. Você experimenta o Reino de Deus como um alegre e festivo banquete de casamento? Explique.
2. Qual é "a roupa apropriada" que devemos usar para participar deste banquete?
3. Hoje, as quais encruzilhadas devemos ir? Que convidados devemos chamar?
4. O que podemos fazer para que a mesa de casa e da comunidade espelhem a imagem do banquete deste Evangelho?

Oração

Deus, mãe de consolação,
nós te pedimos que tua graça
sempre nos guie e nos acompanhe,
para que sejamos atentos e firmes
na prática da caridade e dos teus mandamentos.
Por Cristo, nosso Senhor.
Amém. 


sábado, 26 de fevereiro de 2011

Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça.





Jesus propõe uma opção radical em favor do Reino ao afirmar que ninguém pode servir a dois senhores (v.24). Não há como servir ao verdadeiro Deus e ao mamon, expressão grega que caracteriza o dinheiro, as riquezas, as posses, o lucro ganancioso. A excessiva preocupação com os bens terrenos escraviza e leva ao fechamento, tornando impossível a solidariedade. É necessário colocar o coração em Deus, confiar em sua salvação, para não ser escravo das preocupações cotidianas. Não fiquem preocupados com a vida, com o que comer; nem com o corpo, com o que vestir (v.25). A palavra de Jesus ensina a viver não uma confiança passiva na providência divina, nem o desprezo das exigências materiais. O convite a olhar os pássaros do céu e os lírios do campo ressalta o cuidado do Pai, dispensado a todos os seres criados. Orienta os discípulos/as a buscar o essencial, a não perder de vista a finalidade de uma vida colocada a serviço do Reino. A fé, o abandono nas mãos de Deus conduz a um engajamento ativo na construção de um mundo justo e fraterno.

Na 1ª leitura, o povo tem dificuldade de acreditar que chegou o tempo da graça, da libertação, da volta para sua terra natal. A Sião-Jerusalém, por tão longo tempo privada de seus filhos exilados, experimenta a consolação que vem de Deus. O salmo convida a confiar sempre no Senhor, pois ele é o rochedo, o refúgio e a salvação. A 2ª leitura acentua que somos servos de Cristo e administradores dos mistérios de Deus. Em meio aos desafios da missão, o que importa é a fidelidade ao evangelho de Cristo.

Deus revela-se como uma mãe e um pai, que cuida e providencia o necessário para os filhos viverem com dignidade. Ele nos acompanha com sua graça para que possamos colaborar na realização plena de seu Reino de amor e justiça. Com o salmista, coloquemos nossa confiança no Senhor.

 (Extraído da Revista de Liturgia)

Para refletir e partilhar:
01. O que chamou a atenção no evangelho?
02. O Reino de Deus é a busca essencial da sua vida? E da sua comunidade? 
      Como isto é manifestado concretamente?
03. Qual é a boa notícia que esta palavra traz para nós? Que atitude nos pede?


Oração 

Ó Deus, pai e mãe do universo,
que cuidas de todas as criaturas
e te preocupas com o sofrimento dos teus pobres!
Nesta celebração, nós te entregamos as preocupações
com nossa sobrevivência e com nosso futuro.
Renova em nós a confiança em tua providência e firma-nos na opção por ti.
Coloca em nossos corações o respeito e o cuidado por todas as tuas criaturas.
Conduze nossas ações, pensamentos e palavras,
para que sejam sinais da justiça do teu reino.
Oramos em nome de Jesus, nosso Senhor.

Amém.




sábado, 12 de fevereiro de 2011

Não penseis que vim abolir a Lei e os Profetas.

                               2ª Leitura - 1Cor 2, 6-10; Evangelho - Mt 5,17-37



Com a autoridade de Messias e Filho de Deus, Jesus conduz os ensinamentos antigos à prática perfeita. Os seus seguidores são impelidos a buscar a verdadeira justiça, agindo conforme a vontade amorosa de Deus. Jesus lembra o mandamento: Não cometerás homicídio (v. 21; Ex 20,13) para extrair um sentido mais radical. Compromete seus discípulos/as a preservar não apenas a vida física, mas também a integridade moral. Exige a superação da raiva como meio para conservar a fraternidade, sem necessidade de recorrer aos tribunais. Mostra que a reconciliação com o irmão é condição para celebrar o culto agradável a Deus. Jesus recorda ainda outro mandamento do Decálogo: Não cometerás adultério (v.27; Ex 20,14). Ele destaca que a pessoa deve centrar todo o ser em Deus, pois antes do ato físico, o adultério ocorre no coração. O Reino de Deus, a vida de justiça, cria relações diferentes entre homem e mulher. Por isso, ao retomar Dt 24,1-4, Jesus ressalta que o matrimônio é um pacto de amor e fidelidade (vv.31-32). Jesus afirma ainda que o empenho dos cristãos em viver a sinceridade e a caridade, torna inútil qualquer juramento.

A 1ª leitura salienta que o Senhor dirige seu olhar para os que o temem (v.20). O ser humano, dotado de liberdade, tem a capacidade de escolher entre o bem e o mal. O Senhor deseja que todos escolham o caminho da vida, da salvação.

O salmo, o mais longo do saltério, está organizado em forma de acróstico, conforme o alfabeto hebraico. Expressa a fé e a confiança na palavra de Deus, ensinando a cumpri-la e a guardá-la no coração.

Na 2ª leitura, Paulo fala da misteriosa sabedoria de Deus, destinada para a nossa glória desde a eternidade.

Jesus revela a vontade do Pai e pede uma adesão total ao evangelho. Os seus ensinamentos apontam para o caminho da vida, libertando-nos de uma observância superficial dos mandamentos. É impossível honrar e prestar culto verdadeiro a Deus, se o irmão é desrespeitado em sua dignidade.

(Extraído da Revista de Liturgia)

Para refletir e partilhar:

1. Qual o sentido mais profundo das leis que Jesus nos desafia a seguir?
2. Como a vida e os gestos de Jesus encarnam o que ele diz, "Não vim para abolir (a Lei e os Profetas), mas para dar-lhes pleno cumprimento"?
3. A partir destas leituras, o que devemos fazer? Como devemos agir?


Oração

Deus, energia de salvação,
tu não nos abandonaste aos nossos próprios caprichos,
mas, por teus mandamentos, nos guiastes no teu amor.
Dirige teu olhar a nós,
teus consagrados e tuas consagradas,
e a todos que, nas diversas religiões e culturas, buscam a tua face.
Afasta-nos de toda hipocrisia e ambiguidade
e faze-nos ouvintes e praticantes dos teus ensinamentos.
Oramos em nome de Jesus, nosso Senhor.
Amém.

sábado, 29 de janeiro de 2011

Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos Céus.

IV Dom. TC (Ano A): Sf 2,3; 3,12-13; Sl 145; 1Cor 1, 26-3; Mt 5,1-12a


O evangelho apresenta as bem-aventuranças, que marcam o início do chamado “Sermão da Montanha” (caps. 5 a 7). Jesus sobe à montanha, lembrando Moisés no Sinai, quando deu ao povo a Lei ou Instrução de Deus. Ele senta-se, como mestre, rodeado pelos discípulos, para proclamar a nova justiça do Reino. Em meio a uma realidade que considerava a prosperidade e o sucesso como sinais da bênção de Deus, Jesus proclama felizes os pobres, os aflitos, os mansos, os famintos (vv.3-6). Ele enaltece as pessoas marginalizadas, não as situações de injustiça, que precisam ser transformadas. Consola os pequenos, os que abrem o coração para acolher a sua benevolência. Propõe um compromisso radical em favor do Reino mediante ações misericordiosas, através da pureza ou retidão de intenções e promoção da paz (vv.7-9). Os discípulos, como verdadeiros profetas, são perseguidos por causa da justiça do Reino (vv.10-12). Mas desde já experimentam a alegria como recompensa de sua fidelidade ao evangelho.

Na 1ª leitura, o profeta Sofonias vê nos humildes e pobres a esperança de continuar a obra da salvação. As deportações e o exílio na Babilônia causaram sofrimento e mortes ao povo. Os poucos sobreviventes de Israel e Judá seguem com fidelidade o projeto de Deus, garantindo a realização das promessas de libertação. O salmo é um hino de louvor, que celebra a fidelidade eterna de Deus.

A 2ª leitura, considerada a partir do v.18, ressalta que Deus manifestou sua sabedoria e poder de salvação no Cristo crucificado. Deus escolhe o que é fraco, o que no mundo não tem nome nem prestígio, para que o glorifique.

As bem-aventuranças convidam a descobrir os valores do Reino em meio aos desafios da missão; impelem a acolher o dom da salvação, na abertura confiante à vontade de Deus; motivam a seguir Jesus, cooperando para que todos tenham uma vida digna, feliz.

(Extraído da Revista de Liturgia)

Para refletir e partilhar:

01. Qual bem-aventurança que mais tocou você hoje? Por quê?

02. Quais os sentimentos que as bem-aventuranças trazem para você e sua comunidade? Partilhe.

03. Como as bem-aventuranças se contrapõem aos valores propagados na sociedade em que vivemos?


Oração

Ó Deus dos pequeninos, no Cristo, teu filho,
tu nos abres um caminho de vida e felicidade.
Escuta a oração dos teus pobres:
concede-nos pureza e mansidão de coração,
fortalece-nos na prática da misericórdia,
confirma-nos na luta pela paz,
aumenta nossa fome e sede de justiça,
consola-nos nas dificuldades,
para que vivamos na alegria
dos herdeiros e herdeiras do teu reino.
Por Cristo, nosso Senhor.
Amém.


sábado, 22 de janeiro de 2011

Eles, imediatamente deixaram as redes e o seguiram.

III Dom. TC (Ano A):
1ª Leitura - Is 8,23b-9,3;  Salmo - Sl 26,1.4.13-14 (R.1a.1c); 
2ª Leitura - 1Cor 1,10-13.17; Evangelho - Mt 4,12-23




A cidade de Cafarnaum, e toda a Galiléia do tempo de Jesus, era lugar de refugiados e estrangeiros marginais, chamada, por isso, não sem preconceito, de “Galiléia das nações”: afinal as nações eram os pagãos e os não-judeus, os que não faziam parte do povo eleito. É neste cenário que Jesus inicia seu anúncio do reino e se encontra com Pedro e André, Tiago e João, pescadores. Um trabalho cheio de hostilidade, sem garantia de êxito. O chamado que Jesus faz a eles é categórico e a resposta é imediata e incondicional. É o início de uma comunidade de discípulos, onde se torna viável o caminho da conversão que eles devem indicar para outros. É uma comunidade de seguidores de Jesus que devem acompanhá-lo em sua itinerância e aprender com ele o ministério do ensino e da cura. Ela se torna o instrumento através do qual o povo das trevas torna-se o povo da luz.

Este evangelho nos coloca diante de uma proposta simples e, ao mesmo tempo, radical. O primeiro passo é deixar as redes, o segundo é aprender a viver em comunidade. O anúncio do reino supõe a vivência do discipulado numa comunidade concreta, o exercício cotidiano do serviço, da entrega nas pequenas coisas, na superação de nós mesmos na relação com os outros. Sem isso, o ensino fica vazio. O movimento de evangelização com as massas fica sem base, sem a experiência das pequenas comunidades.

Ao mesmo tempo, a comunidade dos discípulos e discípulas não é uma comunidade com fim em si mesma, mas está permanentemente a serviço do reino. Como Jesus, ela tem a missão de apontar saída para o fatalismo, proclamando a boa notícia e exercendo o ministério da cura.

Na celebração litúrgica, esta palavra nos chama de novo para o caminho de conversão na comunidade concreta, a serviço do reino.

(Extraído do Dia do Senhor)


Para refletir e partilhar:
01. Quando você tomou consciência do seu chamado e se despertou para ser discípula/o missionária/o de Jesus Cristo?

02. Sua comunidade tem uma missão comum que une todas as postorais, grupos, movimentos e serviços? Como esta missão está relacionada com a missão de Jesus?

03. Sua comunidade está mais voltada para si mesma ou para o mundo? Partilhe.


Oração

Ó Deus de ternura,
renovas em nós o desejo de seguir Jesus
e sermos anunciadores do reino.
Dá-nos a unção do teu amor
para servirmos com dedicação e ternura,
seja na comunidade dos irmãos, seja na missão.
Por Cristo, nosso Senhor.
Amém.


sábado, 27 de novembro de 2010

Portanto, ficai atentos! (I Advento - Ano A)


O evangelho está situado no discurso escatológico (caps. 24 e 25) e introduz o tema da vigilância, ressaltado em diversas parábolas (24,45-25,30). Exorta a preparar a vinda do Senhor, que vem para realizar a salvação na história. Propõe uma escolha radical: acolher ou recusar o Filho do Homem, o Senhor Jesus que se manifesta nas atividades cotidianas, como comer, beber, casar. O trabalho no campo caracteriza a missão dos discípulos/as. Com a forma imperativa “vigiai” (v.42), os discípulos são convidados a estar preparados: viver com disponibilidade, dedicando-se ao serviço do Reino, acolhendo a sua presença em cada momento.

Na 1ª leitura, Isaías utiliza a imagem das peregrinações religiosas ao templo de Jerusalém, para ressaltar a esperança universal de salvação. O povo estava passando por um momento de crise político-religiosa. Mas, incentivado pelo profeta, encontra na palavra de Deus, a instrução e a norma para trilhar o caminho da vida, transformando as armas da guerra em instrumentos de paz.

A 2ª leitura insere-se após a proclamação do mandamento fundamental do amor ao próximo (cf.v.9). Quem assume com radicalidade esse princípio vive o kairós de Deus, isto é, o tempo de salvação. É hora de despertar, de acordar para o tempo novo de libertação. O Senhor nos reveste com a sua graça para que caminhemos como filhos da luz, libertos das obras das trevas.

Iniciando hoje o advento e o novo ano litúrgico, somos chamados a permanecer em atitude vigilante para acolher os sinais de Deus. A palavra do Senhor nos desperta, nos mantêm acordados para o compromisso de sermos construtores de paz. A luz da salvação refulge em nós sob a forma de amor fraterno e solidário.

A vinda do Senhor é antecipada na celebração eucarística. Mas nós não celebramos apenas sua presença, e sim o desejo que ele venha, que possamos estar com ele em todos os momentos da nossa vida e, sobretudo na outra vida. E enquanto caminhamos neste mundo sejamos vigilantes, nos despojando a cada dia das ações das trevas e nos revestindo das armas da luz.

(Extraído da Revista de Liturgia)

Para refletir e partilhar:

1. Como o Reino de Deus se manifesta no cotidiano de sua vida?
2. Quais são as situações e atitudes que ofuscam a manifestação do Reino de Deus no mundo?
3. Como a sua comunidade se mantém atenta e vigilante nos dias atuais?

Oração

Ó Deus das promessas,
dá ao teu povo o firme desejo de buscar o teu reino,
para que, acolhendo com obras de paz e justiça
o Cristo que vem ao nosso encontro,
sejamos verdadeiramente servidoras e servidores teus!
Por Cristo, nosso Senhor.
Amém.



Taizé

Jesus, remember me when you come into your Kingdom.
(Jesus, lembra-te de mim quando vieres no teu Reino)

sábado, 20 de novembro de 2010

Jesus, lembra-te de mim, quando entrares no teu reinado! (Cristo Rei - Ano C)

O tema do reinado de Cristo aparece no evangelho de Lucas, com toda a sua força, nas narrativas da morte de Jesus na cruz, tanto na boca dos soldados que o insultam como no pedido de um dos ladrões para que se lembre dele no seu reino.

Para Lucas, o reino de Cristo se inicia realmente na hora da cruz, e dele participa quem é capaz de se converter e mudar suas opções de vida. Ao contrário do que os soldados pensavam, o reino de Jesus não se manifesta em prodígios incríveis – como seria se Jesus salvasse a si mesmo – mas no seu poder de reconciliar a humanidade com Deus através da cruz, ato supremo do seu amor e serviço aos seus irmãos. O reinado de Jesus é, fundamentalmente, a reconciliação da humanidade com Deus, a humanidade participando da vida de Deus.

Em nossa celebração, proclamamos Jesus como o rei que venceu a violência pelo amor e pela não-violência. Pela força amorosa do Espírito que prolonga na Igreja a sua memória, somos transfigurados de nossas idéias triunfalistas para abraçarmos com toda a ternura do coração a sua vida em nós e a missão que ele nos confia.

(Extraído do subsídio Dia do Senhor)

Para refletir e partilhar:

1. Cruz, Reino de Deus, paraíso...  o que estas palavras-símbolos no diz nesta Festa de Cristo Rei?
2. Como o reinado de Jesus se diferencia e se contrasta com os governos atuais que se pautam pelo busca do poder econômico-militar e por ambições pessoais?
3. O que significa para você proclamar o Crucificado Jesus como o Messias, Rei do Universo?

Oração

Deus da vida,
tu quiseste reunir e reconciliar toda a tua criação
no teu filho Jesus,
a quem proclamamos amigo e servidor dos pobres,
Senhor do universo e da história.
Escuta nossas preces
e concede a todas as criaturas, libertas de toda escravidão,
a graça de servir ao teu reino
e glorificar sempre teu nome santo,
bendito pelos séculos dos séculos.
Amém.


Reginaldo Veloso
Deus santo, tem piedade de nós! (bis)
Deus santo, Deus forte, tem piedade de nós! (bis)
Deus santo, Deus forte, Deus imortal, tem piedade de nós! (bis)



sábado, 4 de setembro de 2010

Se alguém vem a mim, mas não se desapega... não pode ser meu discípulo. (XXIII DTC)

Jesus, acompanhado de uma numerosa multidão, aproveita o momento para ensinar como ser discípulo/a. Ele mostra que é necessário colocar o Reino de Deus em primeiro lugar, acima de interesses pessoais contrários ao seu projeto. O seguimento de Jesus exige disposição para carregar a cruz e doar a vida por amor. Abraçar a cruz implica em participar da missão de Jesus, entregando a vida a serviço do evangelho. As pequenas parábolas, da torre a construir (vv.28-30) e da guerra a conduzir (vv.31-32), ilustram a necessidade de planejar, empenhando-se cada dia na vivência cristã. Exortam a ser sábios construtores, colocando a família, os bens materiais a serviço da edificação de uma sociedade mais fraterna. Implica em realizar a missão com entusiasmo, sendo o sal que dá o sabor, como acentua o texto seguinte (vv.34-35). 
A 1ª leitura reflete sobre o sentido da vida humana. A Sabedoria possibilita conhecer e compreender os desígnios de Deus. O “Espírito” conduz as pessoas a viverem com retidão no caminho do Senhor. O salmo ensina a confiar na bondade e misericórdia do Senhor, pois a vida humana é frágil. Paulo, na 2ª leitura, escreve uma pequena carta, intercedendo pelo escravo Onésimo, gerado na fé em Cristo. Ele pede que o patrão Filêmon o receba de volta não mais como escravo, mas como irmão (v.16). A comunhão no Senhor, os valores do evangelho, transforma as barreiras sociais, torna os privilégios humanos insignificantes.
O seguimento a Jesus exige desprendimento, compromisso para colocar o seu projeto de vida e salvação acima de tudo. Somos chamados/as a cooperar na construção do Reino de Deus. Paulo nos ensina a fundamentar nossas relações no amor de Cristo, superando os conflitos comunitários e as desigualdades sociais. 
(Extraído da Revista de Liturgia)


Para refletir/partilhar:

01. Quais são as renúncias mais difíceis que somos chamados/as a realizar por causa do Evangelho?
02. As parábolas do Evangelho de hoje ilustram a importância do planejamento. Meu grupo e a minha comunidade têm alguma meta? Isso é importante? Por quê?
03. Tenho um projeto pessoal de vida sintonizado com o Evangelho?


Oração

Deus de bondade e de ternura,
afasta de nós toda acomodação e instalação,
para que possamos, 
de coração disponível,
nos dedicar ao serviço do teu reino.
Por Cristo, nosso Senhor.
Amém.


The kingdom of god is justice and peace and joy in the Holy Spirit.
Come, Lord, and open in us the gates of your kingdom.


segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Façam todo o esforço para entrarem pela porta estreita. (XXI DTC - Ano C)






Aprofundando os textos bíblicos: Isaías 66,18-21; Jesus, caminhando para Jerusalém, atravessa cidades e povoados e enquanto ensina alguém lhe pergunta: Senhor, são poucos os que se salvam? (v.23). Mediante palavras e ações, Jesus revela a salvação de Deus, destinada a todas as pessoas. Ele exorta a empenhar todas as forças na busca do Reino. Esforçai-vos por entrar pela porta estreita (v.24). Os que se comprometem com a proposta de libertação de Jesus, entram pela porta estreita. A condição para viver em comunhão com o Senhor é a prática da justiça (v.27). Virão muitos do oriente e do ocidente, do norte e do sul, e tomarão lugar à mesa no Reino de Deus (v.29). A Boa Nova de Jesus desfaz os limites estabelecidos por privilégios, pertença étnica, cultural ou religiosa. Mas ele espera o esforço da fé, transformado em amor fraterno e solidário, como resposta à sua palavra, como exigência para participar do seu banquete. 


Na 1ª leitura, o profeta mantém viva a esperança do povo na reconstrução das cidades e da vida. Após o exílio na Babilônia, ele ajuda os repatriados a não se fecharem em seu egoísmo, pois Deus oferece a salvação a todos os povos. A esperança, o sonho messiânico é congregar num só povo todas as nações dispersas, desde o tempo da torre de Babel (Gn 11). 


A 2ª leitura mostra que Deus, na sua solicitude paternal, conduz a vida e a história da humanidade com amor. Como um Pai, ele educa os filhos que ama. O Senhor corrige a quem ele ama (v.6; cf. Pr 3,12). 


A confiança em Deus, a fidelidade aos seus ensinamentos fortalece a fé, produz frutos de paz e de justiça. Deus oferece a salvação gratuitamente, mas espera a nossa resposta, o nosso compromisso com os valores do evangelho. Ele nos educa como um Pai para que possamos crescer na fé e no amor solidário. Somos chamados a participar do banquete do Reino, cooperando para que todos tenham vida plena.

Para refletir e partilhar:

1. Qual é o critério fundamental para entrar na porta estreita?
2. Partilhe o trecho do Evangelho que mais gostou e porque.




Oração

Ó Deus, força dos fracos,
tu unes o teu povo com o laço do teu amor.
Dá a teus filhos e filhas a graça de cumprir teus mandamentos
e ter o coração fixo nas tuas promessas,
e, assim, viver na alegria plena que Jesus Cristo,
teu filho, veio nos trazer.
Por ele, nós te pedimos,
na unidade do Espírito Santo.
Amém




sábado, 7 de agosto de 2010

Onde está o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração. (XIX DTC - Ano C)

Jesus exorta à vigilância através da parábola dos empregados, que esperam a volta do seu senhor de uma festa (vv.35-38). A ação de cingir-se simboliza a preparação para o serviço, no amor e na gratuidade. As vestes orientais eram longas, sendo arregaçadas para facilitar o trabalho ou a viagem (cf. Ex 12,11). As lâmpadas acesas caracterizam a esperança na realização plena da salvação. Quem segue a Cristo permanece vigilante na missão. É como um sábio dono de casa, que não se deixa surpreender pelo ladrão (vv.39-40). A liderança na comunidade deve ser marcada pelo serviço fraterno, não pelo excesso de poder e autoridade. Mas o serviço, a fidelidade é um apelo dirigido a todas as pessoas. A 1ª leitura recorda a experiência do Êxodo, da noite da libertação em que a vida do povo foi preservada. Durante o sacrifício do cordeiro pascal, o povo “entoa os hinos” (v.9) de louvor e ação de graças a Deus. A ceia pascal mantém o povo unido, na solidariedade, disponível para acolher a salvação no presente da sua história. A 2ª leitura ensina a viver a fé com esperança, como os antepassados. Entre os vários exemplos de homens e mulheres que testemunharam a fé, destaca-se o de Abraão. Ele acreditou nas promessas de terra e descendência numerosa. Seguiu o chamado de Deus, deixando sua terra e parentela em busca de vida melhor para todo o seu povo. Estava disposto a oferecer até mesmo Isaac, o herdeiro da promessa, pois confiava em Deus, o Senhor da vida.

O Pai confia a nós o seu Reino, impelindo-nos a construir um tesouro aonde “o ladrão não chega e nem a traça corrói”. É necessário permanecer vigilantes para acolher a manifestação do Senhor, na busca de uma nova sociedade, de vida melhor para todos. Como nossos pais e mães na fé, caminhemos com alegria e esperança.
(Extraído da Revista de Liturgia)

Para refletir/partilhar:
01.   Quais são as grandes distrações do mundo atual que nos impedem de permanecermos vigilantes na construção do Reino?
02.   Como agem as lideranças do mundo atual? O que o Evangelho nos ensina a respeito da liderança cristã?
03.   O que eu devo fazer para viver o ensinamento do Evangelho de hoje?

Oração

Pai de bondade,
mais uma vez preparaste para nós a mesa
e proveste o necessário para o nosso sustento.
Acompanha-nos nesta semana que começa e
fortalece-nos nos teus caminhos,
para que a busca do teu reino e de tua justiça
ocupe todas as nossas energias.
Por Cristo, nosso Senhor.
Amém.


Ubi caritas et amor
Ubi caritas Deus ibi est
(Onde reina o amor, fraterno amor
Deus aí está)

sábado, 24 de julho de 2010

Senhor, ensina-nos a orar... (XVII DTC - Ano C)



Jesus costuma rezar e seus discípulos desejam aprender com ele: Senhor, ensina-nos a orar como João... (v.1). Semelhante a outros grupos, que tinham orações próprias, o Pai Nosso caracteriza a oração dos discípulos de Jesus. Jesus ensina a santificar, a glorificar o nome do Pai e a implorar a vinda do Reino indicando sua manifestação concreta “no pão cotidiano” (vv.2-3), pedido central no Pai nosso. Como o povo alimentado pelo maná (Ex 16), o empenho comunitário na busca do sustento diário, leva a confiar na providência de Deus. A fraternidade possibilita viver o perdão, a livrar-se da tentação (v.4), da ambição da glória e poder, dinheiro e injustiças. Jesus exorta a perseverar no caminho da oração. Pedi e vos será dado; procurai e encontrareis; batei e a porta vos será aberta (v.9). O Espírito Santo ajuda a realizar o projeto de amor fraterno e solidário proposto por Jesus.

Na 1ª leitura, o diálogo com Deus revela a Abraão a questão fundamental: Destruirás o justo com o pecador? (v.23). Deus é paciente com Abraão, que está preocupado com o número de justos necessário para salvar a cidade. Deus não julga conforme o critério humano de justiça, é compassivo e misericordioso, perdoa gratuitamente, conduzindo à conversão e à salvação. A 2ª leitura convida a viver de forma renovada, pois fomos libertados pela obra redentora de Cristo na cruz.

(Extraído da Revista de Liturgia)

Para reflexão e partilha:
1. Você reza? A sua oração e o seu jeito de rezar têm mudado com o tempo? De que maneira?
2. Você reza com a sua comunidade? Como é esta experiência? Alguma lembrança significativa?
3. Comente a oração que Jesus ensinou seus/suas discípulos/as a rezar, o "Pai Nosso".


Oração 

Pai nosso que estais no Céu,
santificado seja o Vosso Nome,
venha a nós o Vosso reino,
seja feita a Vossa vontade,
assim na terra como no Céu.
O pão nosso de cada dia nos dai hoje;
perdoai-nos as nossas ofensas,
assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido,
e não nos deixeis cair em tentação,
mas livrai-nos do mal.
Pois vosso é reino, o poder e a glória para sempre.
Amém.


Taizé
Misericordias domini in aeternum cantabo
(A misericórdia do Senhor, sempre, sempre eu cantarei)

Cantarei eternamente as misericórdias do Senhor.
Para sempre proclamarei a sua fidelidade.
Os céus celebram as tuas maravilhas, Senhor!
Feliz o povo que sabe louvar e bendizer e caminhar à luz do teu rosto

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Sou eu mesmo (III DTP)

Vejam minhas mãos e meus pés: sou eu mesmo. (Lc 24, 39)

O Evangelho deste domingo começa com o relato sobre o retorno dos dois díscipulos de Emaús à Jerusalém: "Então os dois contaram o que tinha acontecido no caminho, e como tinham reconhecido Jesus quando ele partiu o pão" (24, 35). De repente, Jesus aparece no meio deles e diz, "A paz esteja com vocês." Os discípulos ficaram espantados e cheios de medo, pois pensavam estar vendo um espírito (πνεῦμα). Em seguida, de todo modo Jesus mostra aos discípulos a realidade da sua ressurreição. "Vejam minhas mãos e meus pés: sou eu mesmo. Toquem-me e vejam: um espírito (πνεῦμα) não tem carne e ossos, como vocês podem ver que eu tenho. E dizendo isso, Jesus mostrou as mãos e os pés" (24, 39-40). Depois, Jesus come um peixe grelhado diante deles.

Lucas enfatiza a realidade da ressurreição de Jesus. Jesus ressuscitado não é um espírito desencarnado e nem fruto da imaginação ou do delírio emocional dos discípulos. Ele não é um espírito, mas o mesmo Jesus de Nazaré que andou com eles de aldeia à aldeia na Galiléia, anunciando a Boa Notícia do Reino de Deus. O ressuscitado é o mesmo Jesus que por causa das suas palavras e ações foi crucificado e que ainda traz consigo as marcas da violência da cruz. A ressurreição não se contrapõe à realidade humana do Nazareno, mas a realiza totalmente. É interessante notar a realidade corpórea de Jesus, de "carne e osso." E esta realidade pode ser experimentada: "Vejam... olhem... toquem-me." Na ressurreição de Jesus o corpo não é negado, mas afirmado, "toquem-me."

Em seguida, assim como aos discípulos de Emaús, Jesus explica as Escrituras a comunidade reunida em Jerusalém. "Então Jesus abriu a mente deles para entenderem as Escrituras" (24, 45). Jesus mesmo faz a exegese dos textos bíblicos para os discípulos. Para Lucas, a leitura da bíblia a partir da ótica da ressurreição dá sentido ao sofrimento e a morte do Messias. A comunidade dará continuidade ao trabalho exegético de Jesus (cf. At 8, 26-40). E o estudo bíblico será parte fundamental da iniciação cristã.

Caberá ainda a comunidade cristã anunciar no nome de Jesus "a conversão e o perdão dos pecados a todas as nações, começando por Jerusalém." (24, 47). Finalmente, Jesus afirma, "E vocês serão testemunhas (μάρτυρες) disso." (24, 48)

Bendito sejas, Senhor Deus,
pela ressurreição de Jesus de Nazaré,
seu Filho e nosso irmão.
Bendito sejas, pela verdade que hoje Ele nos comunica:
"Vejam minhas mãos e meus pés:
sou eu mesmo."
Bendito sejas, pela missão que Ele confia a sua comunidade primitiva e a nós:
"E vocês serão testemunhas disso."
Amém. Aleluia.