Mostrando postagens com marcador . Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador . Mostrar todas as postagens

terça-feira, 14 de março de 2017

Senhor, dá-me dessa água.

III Dom. Quaresma (Ano A). Ex 17, 3-7; Sl 94 (95) Rm 5, 1-2. 5-8; Jo 4, 5-42

Jesus chega a Sicar, na Samaria, cuja população é composta de descendentes de israelitas e de povos estrangeiros, forçados a imigrar após a conquista da região pela Assíria (2Rs 17,24-41). A história da mulher representa, sobretudo, o povo samaritano, com sua religiosidade e divindades, simbolizadas, talvez pelos cinco maridos. O diálogo com Jesus sobre o culto e o Messias, revela a busca mais profunda da mulher e de todo o povo excluído ao qual pertence. Junto ao poço patriarcal, a mulher descobre a Fonte que sacia a sede em plenitude. O Messias, enviado por Deus, oferece o dom da água, símbolo do Espírito, que dá a vida eterna (7,37-39). O Espírito leva a conhecer e adorar a Deus como Pai, em verdade, inaugurando um culto novo. Os discípulos não compreendem a atitude de Jesus. Jesus, porém, declara: O meu alimento é fazer a vontade daquele que me enviou e levar a termo a sua obra (v.34). O encontro com Jesus e a escuta de sua palavra transforma a mulher. Também os samaritanos reconhecem que ele é verdadeiramente o Salvador do mundo (v.42).

Na 1ª leitura, Deus manifesta seu poder de salvação fazendo brotar água da rocha. A 2ª leitura destaca que Deus revelou seu amor gratuitamente em Cristo, libertando-nos do pecado e derramando em nós o Espírito Santo para nos guiar na vida nova em Cristo.

Jesus continua oferecendo a água viva, que sacia toda sede, promovendo a reconciliação e a superação dos preconceitos. Ele é o novo santuário, do qual brota a água do Espírito, que nos leva a viver uma nova forma de comunhão com o Pai e de relacionamento com os irmãos.
(Extraído da Revista de Liturgia)

Para refletir e partilhar:
01. Do que eu tenho sede? E o mundo, tem sede de que?
02. "O encontro com Jesus e a escuta da sua palavra transforma a mulher". Algo semelhante já aconteceu com você? Partilhe.
03. O que a água simboliza? Como você, sua família e comunidade cuidam da água e do nosso Planeta-Água?

Oração

Ó Deus das promessas,
derrama tua bondade generosa sobre nós.
Pela energia amorosa do teu Espírito,
guia-nos e conduze-nos nesta terceira semana da quaresma,
para que bebamos sempre da água que é Cristo,
fonte que jorra para a vida plena,
e o anunciemos por nossa vida e palavras.
Por Cristo, nosso Senhor.
Amém.

domingo, 5 de abril de 2015

Ele viu, e acreditou!

Domingo da Páscoa (Ano B):
Atos 10,34a.37- 43; Salmo 118(117); Colossenses 3,1-4; João 20,1-9 (manhã); Lucas 24,13-35 (tarde)


O primeiro dia da semana indica um novo tempo. Tem ligação com o início da criação do mundo. A morte de Jesus significou a passagem das trevas para a luz que nunca mais se apagará. A fé na ressurreição, porém, não se processa da mesma maneira em todas as pessoas. Algumas precisam de um tempo maior para assimilar essa verdade que tudo transforma. Maria Madalena recebe especial distinção: ainda no escuro, dirige-se ousadamente ao túmulo de Jesus. Apesar de ver a pedra removida, não consegue ainda perceber a luz do sol (Jesus que ressuscitou) anunciando uma nova aurora. Perplexa, corre ao encontro de Simão Pedro e do discípulo que Jesus amava para dizer-lhes de sua preocupação com o que havia constatado. O seu anúncio provoca a movimentação dos dois discípulos na busca do verdadeiro sentido dos últimos acontecimentos.

Maria Madalena, nesse relato de João, é representativa da comunidade que não aceita permanecer acomodada. Busca ansiosamente a explicação do que realmente aconteceu naquele “primeiro dia da semana”. É atitude muito positiva, pois “quem busca encontra e quem procura acha”. Por isso, ela é especialmente valorizada. Jesus deixa-se encontrar. Impulsionada pelo amor, caminha na direção do Amado. O maravilhoso encontro de Maria Madalena com Jesus ressuscitado se dá logo a seguir (20,11-18).

A comunidade cristã primitiva reconhecia-se no jeito de ser de Maria Madalena, de Pedro e do discípulo amado. Havia pessoas que ainda permaneciam nas “trevas” da morte de Jesus; sentiam-se desamparadas e desorientadas. Havia as que não conseguiam acolher a verdade da ressurreição de Jesus. Diziam que seu corpo fora retirado por alguém e que se inventou a notícia de que ele havia ressuscitado. É o que se percebe na expressão de Maria Madalena: “Retiraram o Senhor do sepulcro e não sabemos onde o colocaram”. Essas pessoas ainda estão no emaranhado de dúvidas, porém, pouco a pouco, receberão a graça de reconhecer a ressurreição de Jesus como um acontecimento verdadeiro e não como uma lenda

(Extraído da Revista de Liturgia)

Para refletir e partilhar:
01. Para onde devemos correr para fazer hoje a experiência do Cristo Ressuscitado?
02. Quais são os sinais da ressurreição de Jesus em nosso meio?
03. O que significa a fé na ressurreição do Senhor para você? Como ela ajuda você a viver melhor hoje?


Oração

Ó Deus, nosso Pai, hoje abriste para nós o caminho da vida,
com a vitória do teu filho Jesus sobre a morte.
Por teu Espírito, faze de nós, que celebramos este dia de festa e alegria,
a graça de sermos homens e mulheres novos, ressuscitados.
Por Cristo, nosso Senhor. Amém.


domingo, 10 de agosto de 2014

Coragem! Sou eu. Não tenhais medo!

19º DTC (Ano A): 1Reis 19,9a.11- 13a; Salmo 85(84); Romanos 9,1-5; Mateus 14,22-33.


Jesus envia seus discípulos em missão, na outra margem do lago de Genezaré, a outros povos necessitados. Enquanto isso, ele retira-se para orar a sós com o Pai, ensinando assim a integrar o trabalho missionário com momentos fortes de contemplação. A presença do Senhor, revelada na oração, na palavra, possibilita fazer a travessia com segurança. A ação de Jesus, nas primeiras horas da manhã, evoca a vitória de sua ressurreição sobre as forças opostas ao projeto de Deus. Jesus socorre os discípulos em meio às dificuldades da missão, aos ventos da tempestade, revelando sua soberania sobre todas as forças adversas. A fé na palavra do Senhor impele a caminhar confiante sobre as águas para não afundar. Mas, quando os discípulos vacilam na fé, como Pedro, o Senhor estende logo a mão para ajudá-los a superar as fraquezas. Diante das ações de Jesus os discípulos prostram-se em adoração e professam sua fé.

Na 1ª leitura, Elias faz a experiência de Deus no Horeb, o monte no qual este havia se revelado a Moisés. Deus lhe mostra, por meio de uma brisa mansa, que o caminho de fidelidade à aliança é de amor e serviço, não de poder e violência. O salmo ressalta que a salvação está perto de quem teme o Senhor. Paulo, na 2ª leitura, ao falar do povo de Israel destaca: a adoção como filhos de Deus; as alianças; a lei; o culto; as promessas; os antepassados, de quem descende a maior dádiva de todas, Cristo, que é acima de tudo, Deus bendito para sempre.

Como discípulos, somos chamados a confiar na presença do Senhor, para fazermos a travessia e anunciarmos a mensagem do Reino na outra margem. Guiados pela palavra do Senhor, possamos fazer de nossas quedas e fracassos ocasiões para crescer na fé.

(Extraído da Revista de Liturgia)

Para refletir e partilhar:
01. Quais são hoje as forças adversas que você, sua família e comunidade enfrentam?
02. Diante das dificuldades e crises, a fé em Jesus Cristo se firma ou vacila?
03. Como você e a sua comunidade respondem ao chamado de Jesus para caminhar sobre as águas, isto é, para enfrentar novos desafios?

Oração

Deus eterno e misericordioso,
a quem ousamos chamar de Pai,
dai-nos cada vez mais um coração de filhos e filhas,
para alcançarmos um dia a herança que prometestes.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
na unidade do Espírito Santo.
Amém.

sexta-feira, 11 de abril de 2014

Eu sou a ressurreição e a vida.

V Dom. Quaresma (A): Ez 37, 12-14; Sl 129 (130); Rm 8, 8-11; Jo 11, 1-45

O evangelho coloca a ressurreição de Lázaro, como o sétimo sinal, a plenitude dos demais. Jesus manifesta-se como o Senhor da vida, apontando para o grande sinal de sua ressurreição. Lázaro, Marta e Maria representam a comunidade, que gera vida nova através do amor fraterno. Jesus chega à comunidade quatro dias após a morte de Lázaro, quando não havia mais esperança de vida. Com sua prática, Jesus transforma a doença e a morte considerados castigo de Deus em vida e ressurreição. Reavivada pela esperança de renascimento da vida, Marta professa a fé: Sim, Senhor, eu creio firmemente que tu és o Cristo, o Filho de Deus (v.27). Jesus solidariza-se com os que choram e se compadece diante do sofrimento. Lázaro, o amigo de Jesus que estivera morto, obedece à ordem dada por Jesus, levanta-se do sepulcro e volta para a vida. Jesus, o Filho de Deus, faz jorrar a vida onde reina a morte. A comunidade, mediante o amor e a solidariedade, ajuda Lázaro a encontrar o caminho da vida. 

A 1ª leitura mostra que o povo exilado na Babilônia encontra-se numa situação de morte, sem esperança de vida, como ossos secos na sepultura (cf. Ez 37,11). Mas, Ezequiel anuncia que a ação de Deus se manifestará através do Espírito, fazendo o povo sair das sepulturas, do exílio para se estabelecer em sua terra. Na 2ª leitura, a comunhão com Cristo morto e ressuscitado nos possibilita viver segundo o Espírito, que habita em nós de forma renovada pela justiça.

Graças a Cristo, ressurreição e vida, a morte não é o fim do caminho, a última palavra. Em Cristo, somos chamados a viver, segundo o Espírito, uma existência nova para Deus. Testemunhamos nossa fé batismal transformando as situações de morte, de exclusão, em vida plena.

(Extraído da Revista de Liturgia)

Para refletir e partilhar:

01. Diante da tragédia na escola do Rio de Janeiro e outras tragédias humanas (guerra, fome, violência etc), como o Evangelho de hoje é boa notícia para o mundo?

02. De que maneira a fé em Jesus que se manifesta como a ressurreição e a vida nos dá força e coragem para enfrentar os sinais de morte presentes em nosso meio?

03. Destaque o trecho das leituras deste domingo que mais chamou a sua atenção.


Oração

Ó Pai, Senhor, nosso Deus,
dá-nos a graça de caminhar com alegria
no mesmo amor que levou teu filho a entregar sua vida
pela salvação da humanidade.
Por Cristo, nosso Senhor. Amém

sábado, 14 de abril de 2012

Nós vimos o Senhor

II Domingo do Tempo Pascal (Ano B): At 2,42-47; Sl 117(118); 1Pd 1, 3-9; Jo 20,19-31


A segunda parte do Evangelho do segundo domingo da Páscoa (Jo 20, 24-29) gira em torno da exigência de Tomé de ver Jesus para acreditar na sua ressurreição. Acreditar, no Evangelho de João, é uma palavra-chave que vai muito além de uma profissão intelectual e mecânica da fé. Acreditar em Jesus é estar ligado a ele numa união mística, num relacionamento de amor que produz frutos de liberdade e vida. No entardecer do dia da ressurreição, os discípulos se encontram com Jesus e depois testemunham a Tomé: “Nós vimos o Senhor”, em grego ἑωράκαμεν τὸν κύριον. Em ouras palavras, a comunidade reunida fez a experiência do Messias/Senhor Ressuscitado. No evangelho de João a experiência de ver está estreitamente ligada com acreditar


O episódio da cura do cego de nascença (9, 1-41) exemplifica esta relação entre ver e acreditar. Jesus se apresenta como luz do mundo (v. 5) e cura o cego de nascença, fazendo-o enxergar. Este sinal de Jesus simboliza o batismo, processo de iluminação pelo qual a pessoa passa das trevas para a luz de Cristo Ressuscitado, passando das trevas da incredulidade para a luz da verdade.


“Acolher a luz significa crer naquele que o Pai enviou, reconhecer que suas obras vem de Deus, entrar na vida nova mediante os sinais sacramentais e assim, pela fé, as obras e os ritos, participar da sua ressurreição, vitória da luz sobre as trevas, do bem sobre o mal, da vida sobre a morte.” (Missal Dominical, Paulus, p. 168)


A bem-aventurança de Jesus, “Felizes os que acreditaram sem ter visto,” aponta para a visão da fé pela qual os que virão a acreditar em Jesus irão fazê-lo não porque se encontraram com Cristo Ressuscitado à maneira de Tomé, mas porque serão capazes de ver o Senhor Ressuscitado presente na comunidade cristã, nos divesos sinais sacramentais e nos sinais da ressurreição presentes no mundo e na história.


É significativo notar que, no dia do batismo, o (a) neo-batizado (a) recebe a luz do Cristo Ressuscitado quando lhe é entregue uma vela acesa na chama do Círio Pascal com a seguinte aclamação: “Eis a luz de Cristo!” Em seguida, quem preside a celebração batismal exorta o (a) neo-batizado (a): “Caminha como filha (o) da Luz!”

Para refletir e partilhar:


01. Comente: "Acreditar em Jesus é estar ligado a ele numa união mística, num relacionamento de amor que produz frutos de liberdade e vida." Você se sente ligado a Jesus Ressuscitado? Como?
02. Como você e sua comunidade têm vivido este início do Tempo Pascal?
03. Quais são os sinais de vida e ressurreição que você vê no mundo?




Ó Deus da Vida,
dai-nos olhos para ver
o vosso Filho ressuscitado
presente no meio de nós e
professar nEle nossa fé.
Isto vos pedimos,
pelo mesmo Cristo,
Nosso Senhor.
Amém.



domingo, 3 de abril de 2011

Eu sou a luz do mundo!

IV Dom. Quaresma (Ano A): 1 Sm 16, 1b. 6-7. 10-13a; Sl 22 (23); Ef 5, 8-14; Jo 9, 1-41


No evangelho, a cura do cego de nascença é um sinal que glorifica a obra do Pai mediante a ação do Filho Jesus. A cegueira não é consequência do pecado. Jesus fixa o olhar sobre o cego e o unge com barro, dando-lhe a ordem para ir lavar-se na piscina de Silóe (= enviado). Obediente à palavra, o cego mergulha na água do Enviado do Pai e renasce para uma nova existência. Os vizinhos não conseguem entender, mas o cego, despertado pelo encontro com Jesus, assume sua própria identidade. Fui, lavei-me e comecei a ver (v.11). Ele progride no conhecimento e experiência de Cristo até chegar a crer no Filho do Homem (v.35). Por causa da profissão de fé em Cristo, o cego enfrenta dificuldades. Expulso da sinagoga, ele representa a situação dos cristãos, separados da comunidade judaica por volta do ano 85 d.C, ao mesmo tempo, perseguidos e oprimidos pelo império romano. Em meio a uma realidade de dor e exclusão, os cristãos fundamentam sua identidade em Jesus, como o Filho do Homem. O encontro com Jesus, com sua presença reveladora, ilumina o caminho da fé: Eu creio, Senhor!

Na 1ª leitura, Davi é ungido rei, embora não fosse o filho primogênito. Deus toma a iniciativa de conduzir a história, escolhendo pessoas para serem seus instrumentos, sem levar em conta os méritos. A 2ª leitura salienta a necessidade de viver como filhos da luz, produzindo frutos de bondade, justiça e verdade.

Como o cego, é necessário percorrer o caminho para chegar à luz da fé em Cristo. É preciso mergulhar na graça, na água do Enviado do Pai, para ser testemunha autêntica do evangelho. Guiados pela presença do Senhor, não temeremos passar por vales tenebrosos ou adversidades.

(Extraído da Revista de Liturgia)
Para refletir e partilhar:
01. Quais são as cegueiras presentes no mundo? O que ainda precisamos enxergar melhor?
02. O cego progride no conhecimento de Cristo. Tem havido crescimento na sua jornada de fé? De que forma?
03. Você já enfrentou dificuldades devido a sua fé em Jesus Cristo? Partilhe.


Oração

Ó Pai, fonte de luz e de vida,
por teu filho Jesus Cristo
reconciliaste a humanidade dividida.
Arranca de nós toda a sombra de tristeza
e liberta-nos totalmente,
para que caminhemos cheios de alegria
para as festas pascais que se aproximam.
Por Cristo, nosso Senhor. 
Amém


O vídeo abaixo foi gravado para o site do Apostolado Brasileiro (http://apostoladobrasileiro.com/ma/).



Veja as fotos da celebração do IV Domingo da Quaresma da Comunidade Católica Brasileira da Paróquia Sagrada Família, Lowell, MA, EUA:
http://www.apostoladobrasileiro.com/fotos/lowell11_quaresma/index.html

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça.





Jesus propõe uma opção radical em favor do Reino ao afirmar que ninguém pode servir a dois senhores (v.24). Não há como servir ao verdadeiro Deus e ao mamon, expressão grega que caracteriza o dinheiro, as riquezas, as posses, o lucro ganancioso. A excessiva preocupação com os bens terrenos escraviza e leva ao fechamento, tornando impossível a solidariedade. É necessário colocar o coração em Deus, confiar em sua salvação, para não ser escravo das preocupações cotidianas. Não fiquem preocupados com a vida, com o que comer; nem com o corpo, com o que vestir (v.25). A palavra de Jesus ensina a viver não uma confiança passiva na providência divina, nem o desprezo das exigências materiais. O convite a olhar os pássaros do céu e os lírios do campo ressalta o cuidado do Pai, dispensado a todos os seres criados. Orienta os discípulos/as a buscar o essencial, a não perder de vista a finalidade de uma vida colocada a serviço do Reino. A fé, o abandono nas mãos de Deus conduz a um engajamento ativo na construção de um mundo justo e fraterno.

Na 1ª leitura, o povo tem dificuldade de acreditar que chegou o tempo da graça, da libertação, da volta para sua terra natal. A Sião-Jerusalém, por tão longo tempo privada de seus filhos exilados, experimenta a consolação que vem de Deus. O salmo convida a confiar sempre no Senhor, pois ele é o rochedo, o refúgio e a salvação. A 2ª leitura acentua que somos servos de Cristo e administradores dos mistérios de Deus. Em meio aos desafios da missão, o que importa é a fidelidade ao evangelho de Cristo.

Deus revela-se como uma mãe e um pai, que cuida e providencia o necessário para os filhos viverem com dignidade. Ele nos acompanha com sua graça para que possamos colaborar na realização plena de seu Reino de amor e justiça. Com o salmista, coloquemos nossa confiança no Senhor.

 (Extraído da Revista de Liturgia)

Para refletir e partilhar:
01. O que chamou a atenção no evangelho?
02. O Reino de Deus é a busca essencial da sua vida? E da sua comunidade? 
      Como isto é manifestado concretamente?
03. Qual é a boa notícia que esta palavra traz para nós? Que atitude nos pede?


Oração 

Ó Deus, pai e mãe do universo,
que cuidas de todas as criaturas
e te preocupas com o sofrimento dos teus pobres!
Nesta celebração, nós te entregamos as preocupações
com nossa sobrevivência e com nosso futuro.
Renova em nós a confiança em tua providência e firma-nos na opção por ti.
Coloca em nossos corações o respeito e o cuidado por todas as tuas criaturas.
Conduze nossas ações, pensamentos e palavras,
para que sejam sinais da justiça do teu reino.
Oramos em nome de Jesus, nosso Senhor.

Amém.




sábado, 15 de janeiro de 2011

Eis o Cordeiro de Deus.

II Dom. TC (Ano A): Is 49,3.5-6; Sl 39; 1Cor 1,1-3; Jo 1,29-34


Jesus é apresentado por João Batista como o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo (v.29). Lembrando o Servo Sofredor (Is 52,13-53,12), Jesus oferece a vida pela salvação. Ele é o Cordeiro Pascal (19,14), aquele que sela a aliança com seu sangue, inaugurando uma nova Páscoa, um novo êxodo. De sua morte redentora na cruz nasce o Espírito (7,37-39), que liberta do pecado e plenifica de vida. João é o precursor, enviado para dar testemunho da luz (1,6-8). Ele batiza com água, apontando para aquele que batiza com o Espírito Santo (v.33). Com a ressurreição, Jesus comunica o dom do Espírito a seus discípulos (20,19-23), para que continuem a sua missão libertadora. Assim, o batismo no Espírito do Cordeiro implica em cooperar na libertação do mundo do mal. João reconhece Jesus por revelação da graça de Deus. Ele caracteriza o caminho progressivo de fé do discípulo/a, pois passa do não conhecimento a ver em Jesus o Messias, o Cordeiro libertador, o Filho de Deus. 

A 1ª leitura, tirada do segundo cântico do Servo, reflete a expectativa do povo exilado na Babilônia de voltar à pátria. O Servo é chamado para exercer uma missão profética, universal, sendo luz das nações. O salmo ensina a cumprir a vontade de Deus, proclamando a sua justiça com fidelidade. 

Paulo, na 2ª leitura, saúda os cristãos de Corinto como apóstolo de Cristo. Mostra que a comunidade foi santificada e escolhida por Deus em Cristo mediante sua vida, morte e ressurreição.

A força do Espírito Santo nos impele a continuarmos a missão de Jesus, Servo e Cordeiro, doando a nossa vida para que o amor reine no mundo. Com a saudação litúrgica de Paulo (cf. 1Cor 1,3), demos graças ao Pai que revela sua paz em Jesus Cristo e nos chama a viver em comunhão..

(Extraído da Revista de Liturgia)

Para refletir e partilhar:

1. O que significa para nós hoje professar a fé em Jesus, o Cordeiro Deus que tira o pecado do mundo, que liberta o mundo do mal? Quais são os males presentes no mundo, na comunidade cristã, em nossa família e em nós mesmos que precisam ser eliminados?

2. Como Jesus tira o pecado do mundo? O que devemos também nós fazer?

3. Rezemos pelas vítimas das chuvas no Brasil e nos perguntemos o que podemos fazer para aliviar o seu sofrimento e impedir que situações como estas não voltem a ocorrer no nosso país.



Oração

Deus das promessas, teu filho Jesus assumiu nossa condição
para que fôssemos livres das forças da morte.
Derrama sobre nós o teu Espírito.
Que ele nos dê ânimo para continuarmos sua missão
de tirar o pecado do mundo,
lutando contra tudo o que fere a beleza do universo, a paz universal
e a dignidade das tuas criaturas.
Por Cristo, nosso Senhor.
Amém.


 

domingo, 2 de janeiro de 2011

Ao verem de novo a estrela, os magos sentiram uma alegria muito grande.

Epifania do Senhor (Ano A): Is 60,1-6; Sl 71; Ef 3,2-3a.5-6; Mt 2,1-12


Mateus continua a descrever os acontecimentos da infância, mas alarga o quadro, mostrando que os pagãos são atraídos pela luz de Jesus Rei. O episódio está centrado no tema da realeza. Herodes, chamado o grande, estrangeiro, é rei da Judéia, nomeado e protegido pelo senado romano e visto pela população como ilegítimo. Jesus nasce na cidade de Davi, como descendente de Davi, potencialmente sucessor legítimo. Para Herodes, é um rival perigoso. Uns magos orientais acorrem ao presumido herdeiro a fim de render-lhe homenagem, tratando-o com o título de Rei dos judeus. A astúcia de Herodes é vencida pelo milagre da estrela e pela fidelidade dos visitantes. Os magos trazem o tributo dos pagãos ao rei menino e voltam por outro caminho.

O texto também indica um itinerário da fé: a busca dos sinais de Deus e o deixar-se conduzir por eles; a experiência de fé que transfigura as inquietações em uma grande alegria; a adoração e o reconhecimento do Deus da vida, caracterizados pela abertura dos tesouros dos magos; enfim, a transformação da existência coditiana, sinalizada pela volta dos magos por outro caminho.

A festa da Epifania retoma o Natal de Jeus celebrando a sua humanidade manifestada a todos os povos e não apenas ao povo judeu. Traz consigo a mística da universalidade da salvação: “Levanta-te e brilha, Jerusalém, olha o horizonte e vê. Sobre todas as nações brilha a glória do Senhor”(Is 60, 1). Da mesma forma, santo Agostinho: “A palavra grega epifania, significa minifestação. Hoje, portanto, manifesta-se o Redentor de todos os povos e faz deste dia a festa de todas as nações”.

Nossa assembléia, com sua pluralidade e diversidade, é sinal desta universalidae da salvação que é dada a todos os povos. Nela repercute a mesma alegria que tomou conta dos magos ao rever a estrela – e não é assim que nos sentimos a cada domingo quando nos encontramos para escutar a Palavra e cantar os seus louvores? Ela é hoje para nós e para nossos irmãos e irmãs o aviso que nos é dado para sermos conduzidos até ele, experenciarmos o encontro que nos transfigura e trilharmos novos caminhos.

(Extraído do Dia do Senhor)
Para refletir e partilhar:

1. Descreva o seu itinerário de fé. Como você tomou consciência ou despertou para a fé em Jesus Cristo?Quais foram as experiências mais marcantes da sua caminhada de fé? Quais são os sinais que te orientam no mundo de hoje?

2. A Epifania nos ensina que a salvação é para todos os povos. Você percebe que a sua comunidade é composta por gente de costumes e tradições diferentes? Isso é uma riqueza ou um problema?


Oração


Ó Deus, de todos os povos,
guiando os magos pela estrela,
tu revelastes hoje o teu filho Jesus a toda a humanidade.
Dá a nós, teus servos e servas, que já te conhecemos pela fé,
a graça de buscarmos sempre o teu rosto
e participarmos plenamente da tua luz.
Por Cristo, nosso Senhor! 
Amém.

domingo, 26 de dezembro de 2010

Levanta-te, pega o menino e sua mãe e volta.

Sagrada Família (Ano A): Eclo 3,3-7.14-17a;  Sl 127; Cl 3,12-21; Mt 2,13-15.19-23


O evangelho ressalta que a presença constante de Deus Pai protege a vida e a missão de seu Filho, rejeitado pelos poderosos desde seu nascimento. Herodes sente-se ameaçado pela Boa Nova da salvação, trazida pelo Messias Salvador. Ele determina que todos os recém-nascidos sejam mortos. Deus age através de José, iluminando-o para que se deixe conduzir pelos sinais de vida. Realiza-se em Jesus, desde a infância, a experiência do povo de Israel: Ele vai para o Egito, como o patriarca José e seu exílio no Egito evoca o Êxodo. Do Egito chamei o meu filho (v.15). Como em Os 11,1, Deus chama Jesus do Egito para formar um novo povo através do seu ministério na Galiléia (4,12ss).

A 1ª leitura é um texto sapiencial que trata das relações familiares cotidianas. Evocando Ex 20,12 e Dt 5,16, acentua o dever de honrar e respeitar os pais, socorrê-los e compadecer-se deles na velhice. A fidelidade ao quarto mandamento do Decálogo, “honrar pai e mãe”, assegura felicidade e alegria.

Na 2ª leitura, o apelo é para nos revestirmos dos sentimentos de Jesus Cristo, deixando que a sua palavra habite em nós com abundância. É necessário revestir-se, sobretudo do amor, pois é o vínculo da perfeição que nos une fraternalmente.

A Sagrada Família de Nazaré é modelo de comunhão e amor para todas as nossas famílias. Com ela aprendemos a caminhar na fé, na constante sintonia com o plano divino, procurando viver com fidelidade mesmo dentro das vicissitudes e dificuldades da vida.

Damos graças a Deus que nos une numa fraternidade que supera diferenças e limites e nos faz crescer juntos, pela sabedoria e força que nos vem da palavra e do pão partilhados. No encontro pascal, à mesa da família possamos atingir a plena maturidade do Corpo do Cristo.
(Extraído da Revista de Liturgia)

Para refletir e partilhar:

1. "E a família, como vai?" Partilhe quais os maiores desafios que as famílias enfretam no mundo atual. Quais são as raizes destes desafios?

2. Embora enfrentando grandes desafios, no Evangellho de hoje, a Sagrada Família se mostra fiel ao plano de Deus.  Como a fé ajuda a viver o plano de Deus? Qual é afinal o plano de Deus que toda família é chamada a seguir?

3. Concretamente, quais as atitutes fundamentais para se viver em  comunhão com os diversos membros da família?


Oração

Ó Deus de bondade,
a santa família de Nazaré
é para todos nós um exemplo de obediência à tua vontade.
Dá-nos a graça de vivermos em nossos lares
a mesma comunhão de fé
para que, unidos pelos laços do amor,
possamos morar para sempre em tua casa,
com todos os que te são fiéis.
Por Cristo, nosso Senhor!
Amém.

















sábado, 6 de novembro de 2010

Deus não é Deus de mortos, mas de vivos! (XXXII DTC - Ano C)


Cerca de duzentos anos antes de Cristo, a partir da revolta dos Macabeus, formou-se em Israel a fé de que os justos ressuscitariam, enquanto os ímpios seriam esquecidos.  Era uma convicção muito difundida, da qual os saduceus, a aristocracia sacerdotal, preocupados com a manutenção de seus privilégios e resistentes à qualquer inovação, não partilhavam.  Para enfraquecer a influência de Jesus, apresentam um caso, baseado numa tradição de Israel – a lei do levirato (Dt 25, 5-10); quando um homem morre sem deixar filhos, seu irmão deve tomar sua mulher para dar descendência ao falecido.

A resposta de Jesus é clara: não se pode aplicar para vida de Deus as mesmas leis que regem as instituições e costumes humanos.  Os saduceus estão equivocados em sua repreensão sobre a ressurreição, pois esta não é uma repetição desta vida daqui, mas uma realidade completamente nova, ultrapassando as leis biológicas e psíquicas agora existentes, atingindo a própria realidade da vida de Deus.
A fé na ressurreição não é uma crença intelectual sobre o que vai acontencer depois da morte, mas um modo de viver a própria vida presente que nos faz, como ensinava o apóstolo Paulo aos romanos, não nos conformarmos às estruturas deste mundo, mas nos transformarmos pela renovação do coração e da mente. 
(Extraído do subsídio Dia do Senhor)
Para refletir e partilhar:
1. Como a sua fé na ressurreição ajuda você viver a vida presente?
2. Por quê projetar para a vida depois da morte a ordem social e os costumes da vida presente (como se a vida eterna fosse repetição da vida presente) pode ser perigoso? O que pensar da mulher nesta história?
3. Como a vida presente e a vida eterna estão relacionadas? No contexto atual, que força tem a afirmação de Jesus, "Deus não é Deus dos mortos"?
Oração


Ó Deus, criador da vida e protetor dos vivos.
Renova a nossa fé e ajuda-nos a trabalhar 
com perseverança para construir,
aqui na terra, o reino de justiça que aguardamos.
Atende-nos, ó nosso Deus, 
em nome de Jesus, nosso Senhor.
Amém.





Adolfo Temme
Bendigamos ao Senhor, pois eterno é seu amor.


sábado, 2 de outubro de 2010

Senhor, aumenta a nossa fé! (XXVII DTC - Ano C)

Jesus utiliza a imagem do grão de mostarda, considerada a menor de todas as sementes, para transmitir sua mensagem. Os apóstolos, isto é, os enviados pedem ao Senhor o aumento da fé, diante dos desafios da missão. A fé, mesmo pequena como um grão de mostarda (v.6), fortalecida pela confiança total em Deus, torna-se grande. Quando autêntica, a fé possibilita criar o novo, fazer acontecer mudanças, aparentemente impossíveis. A imagem da árvore arrancada e plantada no mar representa a força eficaz da fé. A confiança, a fé na palavra de Jesus possibilita colocar-se a serviço do Reino, no amor e na gratuidade. Somos simples servos, chamados a trabalhar na busca e construção de uma sociedade solidária, justa, igualitária. Deus dará muito mais aos que esperam e confiam em sua graça, deixando de se considerar indispensáveis no serviço.
A 1ª leitura descreve a vocação profética de Habacuc, numa época de expansão do poder babilônico. Habacuc, no diálogo com o Senhor, apresenta um lamento, uma queixa, uma vez que está cercado de opressão, violência, discórdias e guerras. A resposta do Senhor manifesta-se na história através da ação daqueles que permanecem fiéis aos seus ensinamentos. O justo viverá por sua fidelidade (2,4). O salmo convida a escutar a voz de Deus, renovando a aliança de amor, o compromisso de permanecer em seus caminhos. Timóteo, na 2ª leitura, e toda a comunidade cristã, é exortado a reavivar o carisma, o ministério confiado por Deus. O Espírito de Deus nos fortalece e capacita para testemunharmos a Boa Nova de Jesus Cristo, o precioso bem que nos foi confiado.
Somos chamados a viver com fidelidade nossa vocação profética, como Habacuc, denunciando tudo o que se opõe ao projeto de amor e justiça de Deus. Que a nossa fé, revigorada pela palavra e pela eucaristia, persevere no testemunho do evangelho, construindo assim um mundo melhor, de paz e fraternidade
 (Extraído da Revista de Liturgia)
Para refletir e partilhar:
1. Sua fé já te ajudou a enfrentar e superar pequenos e grandes obstáculos?  Partilhe. Você também já se sentiu como os apóstolos dizendo, “Senhor, aumenta nossa fé!”?  Como conseguiu manter-se no caminho da fé?
2. Como a fé está relacionada ao serviço? Sua fé influencia suas escolhas políticas? Como?

Oração

Ó Deus, parceiro fiel da aliança,
renova a nossa fé e a alegria de ter servir.
Afasta de nós todo desânimo
e derrama sobre nós o teu amor e a tua força,
Porque sem ti, nada podemos fazer.
Por Cristo, nosso Senhor.
Amém.


Agostinha Vieira de Melo
Teu sol não se apagará,
tua lua não terá minguante,
porque o Senhor será tua luz,
ó Povo que Deus conduz!


domingo, 5 de abril de 2009

Ramos e Paixão - B

...De fato, esse homem era mesmo Filho de Deus! (Mc 15, 29)

Hoje celebramos a abertura da Semana Santa. A liturgia nos oferece duas leituras evangélicas que se contrastam e se complementam. Na primeira leitura (Mc 11, 1-10 ou Jo 12, 12-16) ouvimos sobre a entrada de Jesus em Jerusalém sob os gritos da multidão aclamando: "Hosana! Bendito aquele que vem em nome do Senhor, o Rei de Israel!" A leitura apresenta Jesus como o Rei-Messias que entra em Jerusalém para ser glorificado (c.f. Jo 12, 16). Já aqui, vemos sinais sobre que tipo de Messias Jesus realmente é. Ele não entra na Cidade Santa montado num cavalo de guerra ou como um rei que necessita de um exército para reinforçar suas leis e impor seus planos de poder. Ele entra sim, montado num jumentinho, como um homem simples e pacífico.

A segunda leitura, a narrativa da paixão segundo Marcos (14,1-15,47), apresenta o conflito decisivo e final entre Jesus e as autoridades do seu tempo. Ela também revela a incompreensão dos discípulos sobre Jesus e sua missão. A realidade da cruz choca e escandaliza. Jesus parece não corresponder mais à imagem do tão esperando Messias-Rei-Libertador. Jesus, Servo-Messias-Sofredor, é praticamente abandonado na cruz. Todavia, um centurião romano, figura improvável (pagão, não discípulo, etc), presenciando o último suspiro de Jesus na cruz, professa sua fé e declara, " ...De fato, esse homem era mesmo Filho de Deus!" Esta profissão de fé se torna modelo para o verdadeiro discípulo de Jesus; reconhecer no Crucificado, a Boa Notícia, o Messias, o Filho de Deus, conforme anunciado no primeiro versículo do Evangelho de Marcos.



Ó Pai,
celebrando com fé
a memória da entrada do vosso Filho em Jerusalém,
seguimos os passos de nosso Salvador para que,
associados pela graça à sua cruz,
participemos também de sua ressurreição e de sua vida.
Por Cristo,
nosso Senhor.
Amém.




domingo, 22 de março de 2009

Acreditar (IV DQ - B)

Assim, todo aquele que nele acreditar, nele terá a vida eterna. (Jo 3, 15)

O Evangelho de hoje (Jo 3, 14-21) precisa ser entendido sob a ótica do batismo. Embora nesta passagem não haja menção explícita sobre o rito batismal pela água, o tema do batismo é o pano de fundo da conversa de Jesus com Nicodemos. A passagem lida com a questão da qualidade da fé (crer) de quem está sendo batizado. Nela, o verbo πιστεύω (pisteuō), acreditar, aparece 5 vezes e 98 vezes em todo Evangelho de João. É uma palavra-chave que serve não apenas para entendermos a passagem de hoje, mas toda a Teologia Joanina.

Em todo Evangelho de João, as pessoas que encontram Jesus (Nicodemos, a Samaritana, o Funcionário do Rei, o Cego de Nascença) são questionadas a respeito de sua fé (acreditar) e são chamadas há uma decisão de vida, acreditar ou não em Jesus. No trecho de hoje, vemos que acreditar em Jesus está totalmente associado com o mistério de sua paixão/glorificação na cruz. "Assim, como Moisés levantou a serpente no deserto, do mesmo modo é preciso que o Filho do Homem seja levantado. Assim, todo aquele que nele acreditar, nele terá a vida eterna" (3, 14-15). Portanto, acreditar em Jesus implica numa entrega total a ele, assim como ele se entregou totalmente, na cruz, pelo mundo.

De acordo com professor Demetrius Dumm, OSB, “É tentador pensar que acreditar em Cristo significa simplesmente afirmar o Credo, ou admitir que Jesus existiu, operou milagres, morreu e ressuscitou dos mortos. Aceitar estas verdades são importantes, mas isto não é o quê “acreditar” significa nesta passagem. Na verdade, uma pessoa pode sinceramente afirmar todos estes fatos teoricamente e continuar a viver egoisticamente. Acreditar nAquele que ‘foi levantado’ significa nada menos do que fazer sua auto-oferenda parte de nossa própria vida, através do cuidado pelo outro; significa viver de maneira não egoísta. Esta é a única maneira de fé (crer) que nos dará vida eterna” (minha tradução e meus destaques).


Senhor Jesus Cristo,
Ajudai-me a crer em vós,
Não somente com os lábios,
com a inteligência ou com as emoções,
Mas com os pés, com as mãos,
pela via de uma vida não egoísta,
pela via da reconciliação e da libertação,
enfim, pela via da entrega total no amor.
Amém.




domingo, 22 de fevereiro de 2009

Levante-se (VII DTC - B)

"... Levante-se, pegue a sua cama e vá para casa." (Mc 2, 11)

Nós, leitores/ouvintes do Evangelho de hoje, podemos nos ver nas personagens desta bela passagem de Marcos 2, 1-12:
No paralítico, sem forças para andar, privado da liberdade de ir e vir, sem autonomia, e que tem necessidade, primeiramente, de ser curado/perdoado de uma ferida/paralisia invisível.

No grupo de amigos, que motivados por uma fé criativa não se deixam abater, mas enfrentam os obstáculos e fazem descer o paralítico até Jesus.

Nos doutores da Lei, que ao invés de se alegrarem com o poder de Deus operando em Jesus, escolhem se apegarem à uma visão estreita de religião, cujos dogmas não levam mais à experiência do Deus verdadeiro, do Deus da Vida.

Em Jesus, que reconhece a fé do grupo de amigos e é canal do perdão de Deus, capaz de restaurar a vida integral deste homem, devolvendo a ele a dignidade de "caminhar com os próprios pés."

E, finalmente, na multidão, que vê tudo e exclama louvando a Deus, "Nunca vimos uma coisa assim!"

Passando das personagens às palavras, verificamos que a força libertadora de Jesus parece estar nas palavras que ele dirige ao paralítico, "Levante-se, pegue a sua cama e vá para casa."

Levante-se é a tradução do imperativo gregro "ἔγειρε." É a mesma palavra que encontramos em: Mc 3, 3, quando Jesus chama o homem de mão seca e diz, "Levante-se e vem para o meio"; Mc 5, 41, quando Jesus desperta do sono da morte a filha de Jairo, "Menina, levante-se"; e Mc 10, 49, quando disseram ao cego Bartimeu (modelo do verdadeiro discípulo), "Coragem, levante-se, porque Jesus está chamando você."

Além disso, esta palavra vem do mesmo verbo usado para expressar a mensagem fundamental da fé cristã. Quando as mulherem foram, na madrugada do primeiro dia da semana, até o túmulo onde o corpo de Jesus havia sido colocado, ouviram o jovem dizer, "Vocês estão procurando Jesus de Nazaré, que foi crucificado? Ele ressuscitou!" (Mc 16,6) Em grego, ἠγέρθη, literalmente, "Ele levantou!" (ou, está levantado), isto é, "Ele ressuscitou!" já que o vergo grego indica também o sentido de voltar à vida, como vimos no caso da filha de Jairo.

Então, levantar, erguer, elevar, pôr em posição ereta ou tornar a viver (no sentido literal e metafórico) carrega o sentido de ressuscitar, de participar da ressurreição, da vida nova de Jesus.
Em cada "levantar'' experimentamos, de alguma forma, as palavras do Evangelho. E, a cada dia, celebramos a páscoa, a ressurreição, o levantar de Jesus Cristo que se manifesta em nossa vida.


Ó Pai,
queremos ouvir novamente
a voz do teu Filho que diz:
Levante-se!
Que a força da tua Palavra
nos faça passar da paralisia à ação,
da morte à vida.
Por Cristo, nosso Senhor.
Amém.