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domingo, 3 de janeiro de 2016

' ... Ao verem de novo a estrela, os magos ficaram radiantes de alegria!'

Epifania do Senhor:  –  Isaías 60,1-6; Salmo 72(71); Efésios 3,2-6; Mateus 2,1-12

No evangelho, Jesus se manifesta como o Messias e Filho de Deus, o verdadeiro Rei que nasce em Belém (cf. Mq 5,1) para apascentar o povo (cf. 2Sm 5,2). Os magos ou sábios do Oriente que representam todos os povos que acolhem a chegada do Rei-Messias prefiguram a missão universal de fazer discípulos/as em todas as nações (28,19). A fé, o reconhecimento e a adoração desses sábios contrastam com a cegueira dos que ignoram a presença do Salvador. Temendo os movimentos messiânicos como ameaças a seus interesses de poder e riqueza, Herodes convoca os sumos sacerdotes e os escribas que conhecem as Escrituras (vv.5-6), mas não reconhecem Jesus (21,15). Na 1ª leitura, Jerusalém em vias de reconstrução, acolhe os povos que regressam do exílio babilônico e de outras partes, carregados de oferendas. A glória de Deus resplandece nos povos que se unem para construir uma nova cidade, solidificada no amor e na justiça. No salmo, o rei, como figura da justiça e paz divina, tem a responsabilidade de ser agente da libertação para o povo. A 2ª leitura acentua que o plano da salvação de Deus, destinado a todo ser humano, foi realizado plenamente em Cristo. Romperam-se as barreiras que dividiam os povos e assim também os gentios, como membros do mesmo corpo, tornaram-se participantes da mesma promessa de salvação.


A Epifania celebra a manifestação da universalidade da salvação em Cristo e impele os povos, unidos pela fé, a reconhecê-lo e adorá-lo como Deus vivo e verdadeiro. Ele é a luz, a palavra que ilumina o nosso caminho para que façamos resplandecer a sua presença amorosa de verdade e vida.

O Senhor Deus, hoje nos revela o seu Filho a todas as nações. Que Jesus, sempre nos guie e nos fortaleça em todas as iniciativas de unidade, de comunhão e de preservação da terra.

 (Extraído da Revista de Liturgia)
Para refletir e comentar:
01. Como a atitude dos magos em relação a Jesus se contrasta com a de Herodes?
02. Jesus se revela como luz para todas as nações, quais as barreiras que ainda precisam ser superadas nas comunidades e no mundo?

Oração 

Ó Deus de todos os povos, guiando os magos pela estrela,
tu revelaste hoje o teu filho Jesus a toda a humanidade.
Dá a nós, teus servos e servas, que já te conhecemos pela fé,
a graça de buscarmos sempre o teu rosto
e participarmos plenamente da tua luz.
Por Cristo, nosso Senhor! 
Amém.

sábado, 19 de março de 2011

Este é o meu Filho amado, no qual eu pus todo meu agrado. Escutai-o

II Dom. Quaresma (Ano A): Gn 12, 1-4ª; Sl 32 (33); 2Tm 1, 8b-10; Mt 17, 1-9


Escrito sobre o pano de fundo do relato da conclusão da aliança no Sinai (Ex 24,1-18), no qual aparece o símbolo da shekiná para designar a presença e a habitação de Deus junto ao seu povo, o relato da transfiguração foi organizado para mostrar que Jesus, por sua paixão e ressurreição, é a nova shekiná, tenda e morada de Deus para os seus discípulos. Daí o jogo simbólico com o qual se tece o texto: Jesus resplende de luz; a nuvem cobre o monte tal como antes invadia a tenda da reunião; Moisés e Elias, figuras-símbolo da lei e dos profetas, se fazem presentes para atestar que Jesus veio completar a história da salvação. Mateus apresenta plasticamente aquilo que João, mais tarde, iria expressar poeticamente: “A palavra se fez carne, armou sua tenda entre nós e nós vimos sua glória” (Jo 1,14).

Como uma espécie de anúncio pascal antecipado, revelando e confirmando a identidade profunda de Jesus, o filho amado de Deus, o fato da transfiguração antecipa aos olhos dos discípulos a glória do Cristo e os encoraja em sua missão, mas não tira nada da radicalidade do seguimento. Jesus é servo e sua glória passa pela cruz. A palavra de ordem é seguir e ouvir. Neste caminho, há exigências radicais, envolvendo a entrega da própria vida. O relato da transfiguração aponta para o nosso destino vitorioso e nos ensina a não ter medo e a não fugir dos sofrimentos que a nossa missão exige. A glória revelada está em estreita conexão com a obediência à palavra. Escutar a sua palavra passa a ser a forma suprema de adorá-lo e reverenciá-lo. O caminho cristão é um caminho de seguimento e identidade com Jesus, de aprender com ele, de ser filhos no Filho. O discípulo, iluminado pela palavra do Cristo, torna-se um ícone vivo e permanente da glória do Senhor.

Na tradição das Igrejas, os catecúmenos são chamado de “iluminandos”, isto é, os que se deixam transfigurar pela luz que vem de Deus. Paulo aos romanos (Rm 13,11), assumindo este simbolismo batismal, fala da armadura luminosa que o discípulo deve vestir. Não é à toa que, na celebração do batismo, o(a) batizado(a) recebe a luz de Cristo. O símbolo da luz, presente em todas as celebrações da comunidade, aponta para este aspecto de nossa identidade cristã: em Jesus nos tornamos filhos e filhas da luz, para a glória de Deus Pai.
(Extraído do Dia do Senhor)

Para refletir e partilhar:
01. Você acredita que hoje as pessoas, a exemplo de Jesus, revelam sua identidade mais profunda? Por quê?
02. Como discípulo/a de Jesus você e sua comunidade têm buscando ouvir sua Palavra? Como esta experiência ajuda a seguir o seu caminho? Partilhe.
03. Qual a palavra que mais chamou a sua atenção este Evangelho? Comente.


Oração

Ó Senhor, nosso Deus,
que nos mandaste ouvir o teu Filho muito amado,
alimenta-nos sempre com a tua palavra,
para que, com fé firme e pura,
tenhamos nossa alegria na glória de Cristo,
por quem te pedimos, na unidade do Espírito Santo.
Amém.


domingo, 29 de março de 2009

Glorificado (V DQ - B)

Chegou a hora em que o Filho do Homem vai ser glorificado. (Jo 12, 23)

A passagem de hoje (Jo 12, 20-32) marca uma virada fundamental no Evangelho de João. Até neste momento da narrativa, Jesus fala, em diversas vezes, sobre a sua "hora." Logo no início do Evangelho, na Bodas de Caná, Jesus afirma categoricamente à sua mãe dizendo, "Mulher... minha hora inda não chegou" (2, 4). Mais adiante, Jesus diz à samaritana, "Mulher, acredite em mim. Está chegando a hora..." (4, 23). Em outras duas ocasiões, quando Jesus estava ensinando no Templo, o autor do Evangelho de João afirma, "Então tentaram prender Jesus. Mas ninguém pôs a mão em cima dele, porque a hora dele ainda não tinha chegado" (7, 30) e, "E ninguém o prendeu, porque a hora dele ainda não havia chegado" (8, 20). Mas, no trecho de hoje, ouvimos Jesus declarar claramente, "Chegou a hora..." Afinal, que "hora" é esta da qual Jesus e o Evangelho tanto fala? Jesus mesmo explica, "... a hora em que o Filho do Homem vai ser glorificado."

Aqui, aparece outra palavra-chave da Teologia Joanina: δοξασθῇ (doxasthēi), ser glorificado, do verbo δοξάζω (doxazō), glorificar, do substantivo feminino δόξα (doxa), glória. A expressão "a glória do Senhor" é muito usada no Antigo Testamento para falar sobre a presença poderosa e libertadora de Deus no meio do Povo, na Tenda, no Templo, na Criação, etc (Cf. Ex 16, 10; Nm 14, 10; Ez 43, 4; Sl 19, 2). Já no prológo do Evangelho de João implica-se que a glória de Deus está presente na Palavra Encarnada, "E a Palavra se fez homem e habitou entre nós. E nós contemplamos a sua glória: glória do Filho único do Pai, cheio de amor e fidelidade" (1, 14). Se olharmos a atividade de Jesus, vemos que nela a glória de Deus se torna visível (Cf. 2, 11; 11, 4, 40). No entanto, a manifestação plena da glória de Deus em Jesus Cristo se dá num momento particular, ou melhor, numa hora específica: na hora em que o Filho do Homem é levantado/crucificado (3, 14). É exatamente nesta "hora", na hora da cruz, em que a glória de Deus é totalmente revelada e Jesus é, então, glorificado, atraindo todos para ele (Cf. 12, 32). Jesus mesmo diz, "...Foi precisamente para esta hora que eu vim" (12, 28).

Para João, Jesus Crucificado é a manifestação inequívoca e plena da glória do Senhor. Seu Evangelho apresenta a cruz como o auge da ação amorosa e libertadora de Jesus. Na hora da cruz, Jesus é glorificado e o mundo, julgado (cf. 12, 31). Talvez, seja importante deixar claro que a cruz de Jesus não é, de maneira alguma, uma exaltação da violência ou do sofrimento masoquista. Seria uma contradição! Jesus sempre promoveu a vida (Jo 10, 10) e até ficou perturbado diante do sofrimento a ser infligido sobre ele (12, 27). O quê o Evangelho de João proclama é que em Jesus Crucificado se dá a glorificação do amor; do amor-doação, do amor-serviço, do amor salvador e libertador. A morte de Jesus na cruz não é sinal de derrota ou fracasso, mas sinal de coragem, fidelidade e vitória; vitória do amor-não-egoísta, que liberta e dá vida. Assim, a hora em que o Filho do Homem é crucificado é também a hora em que Ele é glorificado.



Senhor Jesus Cristo,
ajudai-nos a ver na vossa vida, paixão e morte
os sinais da páscoa;
sinais da ressurreição,
da vitória do amor e da vida.
Amém.