segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

' Hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós um Salvador, que é o Cristo Senhor!'

Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo (Noite) – Isaías 9,1-6; Salmo 96 (95); Tito 2,11-14; Lucas 2,1-14


Por meio do nascimento de Jesus em Belém, na Judéia, no tempo do imperador romano César Augusto, Lucas situa a história da salvação no contexto da história humana. José, descendente de Davi, vai com sua esposa Maria, grávida, a Belém para o recenseamento. Como não havia lugar para eles na hospedaria, Jesus nasce na extrema pobreza. Aos pastores, nômades pobres e discriminados o anjo do Senhor anuncia a grande alegria: Hoje, nasceu para vós o Salvador, que é o Cristo Senhor (v.11). O sinal dessa Boa Notícia é um menino recém-nascido, envolto em faixas e deitado numa manjedoura. A multidão de anjos canta os louvores que expressam o sentido salvífico do nascimento do Messias Salvador: a glória de Deus nas alturas e, na terra, a paz, o shalom, que consiste na plenitude de bens e felicidade.

Esse cântico dos anjos é a aclamação messiânica de Jesus como Príncipe da paz (1ª leitura). O povo de Israel, no norte, encontra-se na escuridão da morte, sobretudo, por causa da opressão e violência do império assírio. Mas é iluminado pela esperança do nascimento de um filho de estirpe real, que será mais sábio que Salomão e mais forte que Davi para estabelecer a paz, o direito e a justiça. A luz brilhou de modo especial pela vinda de Cristo, que revelou a salvação de Deus a toda a humanidade, como evidencia a 2ª leitura. Jesus nasce em nosso meio, oferecendo-nos a plenitude da vida e da paz, que nos impele a reconhecer os sinais libertadores de sua graça e bondade. Com o/a salmista cantemos ao Senhor um canto novo porque hoje nasceu para nós o Salvador para governar o mundo com justiça.

Como Maria e os pastores, reconheçamos e adoremos nosso Senhor que se dá a nós nos sinais da palavra, do pão e do vinho consagrados.
 (Extraído da Revista de Liturgia)
Para refletir e partilhar:
01. O que mais te chamou a atenção na celebração do Natal de Jesus neste ano?
02. Que mudança de vida este Natal nos pede?


Oração 

Ó Deus de amor,  que fizestes resplandecer esta noite santa
com a claridade da verdadeira luz,
concedei que, tendo vislumbrado na terra este mistério,
possamos gozar no céu sua plenitude.
Por Cristo, nosso Senhor.
Amém.

sábado, 12 de novembro de 2011

“...Vem participar da minha alegria!”




A notícia da viagem de um rico negociante pode ter servido de pano de fundo para que Jesus pudesse introduzir para seus discípulos um ensinamento sobre o dinamismo do seu caminho de vida. Contando a história dos diversos empregados que reagem de formas diversas ao dinheiro recebido de acordo com a capacidade de cada um - cada talento equivale, aproximadamente, a 35 kg de ouro -, Jesus quer chamar a atenção para a responsabilidade e ação que cabe a quem se engajou no caminho do reino, proporcional ao “talento” recebido para o serviço. O provérbio final, com sua formulação paradoxal, está de acordo com a finalidade da parábola de mexer com os interlocutores e provocá-los para uma decisão.

A linguagem da economia serve de figura para apontar a dimensão de risco e criatividade presentes na esperança cristã. A fé na vida que há de vir não nos joga nem na passividade nem na acomodação, mas pede de cada batizado(a) constância, responsabilidade  e um firme empenho em fazer crescer o reino. O reino de Deus vem a nós como dom gratuito do Pai, mas, ao mesmo tempo, podemos apressar a sua vinda com o nosso trabalho, dedicação e esforço de humanização. A espera é ativa e não podemos nos apegar às nossas inibições ou falsas seguranças. O caminho do evangelho não se cristaliza em respostas prontas ou em esquemas pré-fixados, mas exige audácia e inventividade.

Em cada celebração que participamos, escutamos do Senhor o convite: "vem participar da minha alegria", pois, de fato, festejamos o que o Senhor mesmo nos permitiu colher de frutos em nosso testemunho do evangelho. Ao mesmo tempo, recebemos aí a palavra que nos desinstala e a energia que nos impulsiona, como fonte nunca estancada, a continuarmos trabalhadores e trabalhadoras ativos em sua missão.

 (Extraído do Dia do Senhor)

Para refletir e partilhar:
01. Você é uma pessoa de esperança? Justifique. 
02. Como o medo pode nos impedir de participar da na alegria do Reino? Como superá-lo?
03. Como você e sua comunidade espera pelo Senhor que sempre vem ao nosso encontro?
04. Quais são as pessoas e grupos que hoje, na sua opinião, estão multiplicando os seus talentos?
Oração 


Deus da paz,
enche nossa vida com a alegria de te servir com um coração indiviso
e faze-nos experimentar profundamente
a felicidade de trabalhar por ti, criador de tudo, e por teu reino.
Por Cristo, nosso Senhor.


sábado, 5 de novembro de 2011

“... E sairam ao encontro do noivo.”


As dez moças da parábola, segundo o ritual de casamento do tempo de Jesu, são uma espécie de “damas de honra”.  Na noite do csamento, elas estão esperando o noivo, que foi acertar o contrato nupcial com o pai da noiva e que vem para conduzir a noiva à sua casa.  No entanto, o esposo demora a fechar o contrato e só chega muito tarde, quando a metade das moças já não tem mais óleo para manter sua lâmpadas acesas.

Esta parábola, fortemente inspirada pelo Cântico dos Cânticos e contada apenas por Mateus, serve para manter as comunidades – representadas pelas moças – na espera amorosa da manifestação do reino.  Talvez no momento em que o evangelho fosso escrito, muitas comunidades estivessem desanimando e enfraquecendo sua vigilância e na esperança da vinda do SEnhor. Daí a insistência: enquanto ele não vem, é preciso estar vigilantes na expectativa desse encontro, com o óleo preparado e o ouvido atento para escutar, na escuridão da noite, os sinais que anunciam a sua chegada.

Não é à toa que o livro do Apocalipse termina com este grito ansioso de espera da esposa/comunidade pela vinda do Cristo/esposo: “Vem, Senhor Jesus!” (Ap 22, 21).  Há uma dimensão de advento que caracteriza, permanentemente, a dinâmica das comunidades. O centro delas é o reino, para ele volta-se sua atenção, e, para permanecer nesta atitude, elas envidam todos os esforços.

A reunião litúrgica da comunidade é a expressão-símbolo dessa vigilância.  Celebramos porque vigiamos e vigiamos porque celebramos. Através dos dias e dos ano, essa chama da espera do Senhor Jesus é mantida firme e acesa pelas assembléias litúrgicas, especialmente através da eucaristia, quando a comunidade retoma a precese do Apocalipse e proclama “Anunciamos, Senhor, a tua morte e proclamamos a tua ressurreição, vem Senhor Jesus!”.  Não é sem razão que a vigília foi o primeiro tipo de oração das Igrejas cristãs.  As comunidades se reuniam durante a noite de sábado para acolher em oração o santo dia do domingo.  E santo Agostinho assim dizia à sua comunidade, em meadso do século IV, por ocasião da mãe de todas as vigílias, a vigília pascal:  “Esta noite, iluminada que é de nossa santa vigília, se enche de toda claridade.  Ela nos dá esta esperança que, com a Igreja inteira, sobre toda a face da Terra, nós não seremos mais surpreendidos pela noite quando o Senhor voltar.  Pois, para nós cristãos, viver não é outra coisa que vigiar.  E vigiar é abrir-se à vida”.   

(Extraído do Dia do Senhor)

Para refletir e partilhar:
01. Você sabe esperar/vigiar? Por que ou por quem você espera, faz vigília?
02. Quais são as distrações que roubam a atenção da esposa/comunidade e não a deixa vigiar pela vinda do Cristo/esposo?
03. Comente a frase de Santo Agostinho, "Vigiar é abrir-se à vida". 

Oração 

Senhor, fortifique-nos na vigilância 
e revigore nossa atenção
diante de todos os sinais de tua chegada.
Por Jesus, nosso Senhor. 
Amém




sábado, 29 de outubro de 2011

O maior dentre vós deve ser aquele que vos serve.



É possível que a redação desta passagem do evangelho de Mateus reflita a época em que os cristãos já tinham sido excluídos da comunidade judaica, de forma que o texto seja muitíssimo marcado pelo contexto da polêmica entre cristãos e judeus. A descrição e caracterização dos doutores da lei e dos fariseus não concorda em tudo com o que sabemos por outras fontes. E é fundamental que nos despojemos de um certo anti-semitismo ou de uma sempre tentada comparação entre uma aliança e outra, entre uma religião e outra, como se uma fosse melhor e outra, pior.

Numa fala de cunho nitidamente profético, Jesus procura chamar a atenção para a idolatria que pode estar escondida em qualquer prática religiosa, seja do tempo de Jesus, seja do nosso tempo: a contradição entre o dizer e o fazer ou entre a atitude do coração e o gesto exterior, a ambição pelos títulos, a sedução pelo poder, a busca de prestígio e ascensão pessoal. Tudo isso pode esconder, enfraquecer ou mesmo nos afastar da relação com o único Mestre, o único Pai, o único Guia.

O final do trecho ouvido apresenta um caminho de superação desta idolatria e de unificação do coração: o serviço. Por isso, em oposição ao retrato dos escribas e fariseus, Jesus pinta o retrato dos discípulos. À soberba dos que se vangloriam de títulos, os discípulos devem responder pela humildade e pela consagração ao reino. A nossa referência é o próprio Cristo, que “não veio para ser servido, mas para servir”.

Desta forma, o reunir-se em comunidade, o celebrar e o cantar o louvor de Deus não dispensam a conversão e a contrição do coração. O símbolo da cruz, trazido solenemente em procissão, na saída e na entrada de cada celebração, mantém diante de nossos olhos este horizonte e esta perspectiva da contínua e constante necessidade de conversão.
 (Extraído do Dia do Senhor)

Para refletir e partilhar:
01. Você acha que a prática religiosa das pessoas de hoje (especialmente dos líderes) se contradiz? Eles dizem uma coisa e fazem outra? Explique.
02. Quais são os ídolos que continuam a seduzir as pessoas de hoje, incluindo os cristãos?
03. Como o serviço ajuda a superar a idolatria? Quais serviços você vê na Igreja que colocam em prática os ensinamentos de Jesus?


Oração 

Deus da aliança, fonte de misericórdia,
por tua graça, teu povo eleito pode te servir com dignidade.
Dá-nos progredir sempre neste caminho,
sem nada mais preferir que o teu amor e o teu reino.
Por Jesus Cristo, nosso Senhor.



sábado, 22 de outubro de 2011

“Amarás o Senhor... Amarás ao teu próximo.”



O evangelho de hoje nos situa diante de uma pergunta muito importante não apenas para os judeus, como também para nós, cristãos: o maior mandamento. É importante para nós, seguidores de Jesus, porque o mandamento nos reporta à prática evangélica.

A resposta de Jesus, fundamentada na Escritura, une dois mandamentos já conhecidos e praticados pelos judeus. O primeiro é amar a Deus (Dt 6,5), que resume a vocação própria de Israel, a razão de sua existência. Em Cristo, essa vocação estendeu-se a todos nós, chamados a amar a Deus no Filho amado. Ele nos ensinou o caminho de acesso a Deus Pai, no amor e na doação de sua vida integralmente. O segundo é amar o próximo como a si mesmo (Lv 19,18), cujo fundamento é Deus, que ama o ser humano. A realização desse mandamento faz parte da vocação de Israel e, em Jesus, chegou à plenitude, porque Cristo amou o próximo não como a si mesmo, mas como o Pai o ama. Deu-se totalmente ao outro como se dava totalmente ao Pai e como o Pai se dava a ele. Sem reservas. Por isso, ao unir os dois mandamentos e defini-los como vontade de Deus expressa na totalidade da Escritura (Lei e Profetas), Jesus apresenta uma novidade à sua época e a nós.

Jesus quer ressaltar que o mais importante para cumprir a vontade de Deus não é o muito fazer, seja por Deus, seja pelos irmãos. O importante é ser para o outro, como ele próprio foi para Deus e para o próximo. Toda a sua vida e missão traduziram quem ele é: o Filho amado. Toda a sua ação em prol do outro foi baseada no amor filial, fonte de sua existência.

Toda a Escritura (Lei e Profetas) testemunha que a realização da vontade de Deus está no cumprimento do duplo mandamento de amar a Deus e o próximo. Tudo o mais, nossos afazeres, nossas devoções etc. só têm sentido se nascem desse mandamento.
 (Extraído da revista Vida Pastoral)

Para refletir e partilhar:
01. Por que ainda se separa o amor a Deus e o amor ao próximo? Esta separação tem algum sentido para a/o cristã/o?
02. Como Jesus amou a Deus e ao próximo?
03. Como você e sua comunidade buscam conciliar o "amar a Deus" com o "amar o próximo"? 


Oração 

Ó Deus da vida, dá-nos, a cada dia,
a graça de amar te com um coração puro, indiviso,
e te servir com alegria nas/os irmãs/os.
Por Cristo, nosso Senhor. Amém


sábado, 15 de outubro de 2011

“Dai a Deus o que é de Deus.”



No evangelho de Mateus, esta passagem marca o início de uma série de confrontos de Jesus com seus adversários. Dois grupos, aparentemente opostos nos seus interesses, se fazem representar: um grupo marcadamente religioso, os fariseus, e outro grupo conhecido por sua explícita simpatia ao dominador romano.

Mais do que uma simples evasiva a uma cilada, a resposta de Jesus aponta para a soberania do reino de Deus, independente dos jogos políticos e das artimanhas do poder. A resposta de Jesus não justifica, como muitos podem deduzir, a separação entre um mundo profano e um mundo sagrado, o de Deus e do César. Nem, como muitos no seu tempo esperavam, um governo teocrático, que subjuga tudo à tirania dos chefes religiosos. Jesus parece querer um outro ponto diferente, tanto da separação total entre Deus e César, como da fusão indiscriminada entre os dois mundos.

O que o Senhor afirma com clareza, tanto no seu jeito de responder frente ao ardil que lhe armaram, quanto no conteúdo material de sua resposta, é a profunda liberdade do discípulo do reino que, em todo o momento, precisa construir seu caminho de fidelidade a Deus. Suas opções não são determinadas por César – e não importa que sejam contra ou a favor dele -, mas total e plenamente subordinadas a Deus.

Este difícil e árduo caminho da consciência cristã, que precisa exercer, a toda hora, a virtude do discernimento para manter a obediência a Deus, encontra, na liturgia, uma fonte de alimentação. A palavra de Deus dada ao batizado(a) na assembléia litúrgica atua como a formadora da sua consciência e lhe fornece os critérios para que possa julgar e decidir no cotidiano, a fim de que Deus receba a sua parte e seu quinhão.
 (Extraído do Dia do Senhor)

Para refletir e partilhar:
1. A exemplo de Jesus, você já se viu numa situação de conflito por causa de suas convicções religiosas? Partilhe. Como você se sentiu? Onde você buscou forças para não esmorecer?
2. O que significa hoje para a/o cristã/o o apelo de Jesus "Dai a Deus o que é de Deus"? 
3. A sua comunidade e família apoiam o seu compromisso com o Reino de Deus? Compartilhe.


Oração

Ó Deus da vida,
dá-nos, a cada dia,
a graça de estar sempre a teu dispor
e te servir com um coração indiviso.
Por Cristo, nosso Senhor.
Amém.