sábado, 29 de outubro de 2011

O maior dentre vós deve ser aquele que vos serve.



É possível que a redação desta passagem do evangelho de Mateus reflita a época em que os cristãos já tinham sido excluídos da comunidade judaica, de forma que o texto seja muitíssimo marcado pelo contexto da polêmica entre cristãos e judeus. A descrição e caracterização dos doutores da lei e dos fariseus não concorda em tudo com o que sabemos por outras fontes. E é fundamental que nos despojemos de um certo anti-semitismo ou de uma sempre tentada comparação entre uma aliança e outra, entre uma religião e outra, como se uma fosse melhor e outra, pior.

Numa fala de cunho nitidamente profético, Jesus procura chamar a atenção para a idolatria que pode estar escondida em qualquer prática religiosa, seja do tempo de Jesus, seja do nosso tempo: a contradição entre o dizer e o fazer ou entre a atitude do coração e o gesto exterior, a ambição pelos títulos, a sedução pelo poder, a busca de prestígio e ascensão pessoal. Tudo isso pode esconder, enfraquecer ou mesmo nos afastar da relação com o único Mestre, o único Pai, o único Guia.

O final do trecho ouvido apresenta um caminho de superação desta idolatria e de unificação do coração: o serviço. Por isso, em oposição ao retrato dos escribas e fariseus, Jesus pinta o retrato dos discípulos. À soberba dos que se vangloriam de títulos, os discípulos devem responder pela humildade e pela consagração ao reino. A nossa referência é o próprio Cristo, que “não veio para ser servido, mas para servir”.

Desta forma, o reunir-se em comunidade, o celebrar e o cantar o louvor de Deus não dispensam a conversão e a contrição do coração. O símbolo da cruz, trazido solenemente em procissão, na saída e na entrada de cada celebração, mantém diante de nossos olhos este horizonte e esta perspectiva da contínua e constante necessidade de conversão.
 (Extraído do Dia do Senhor)

Para refletir e partilhar:
01. Você acha que a prática religiosa das pessoas de hoje (especialmente dos líderes) se contradiz? Eles dizem uma coisa e fazem outra? Explique.
02. Quais são os ídolos que continuam a seduzir as pessoas de hoje, incluindo os cristãos?
03. Como o serviço ajuda a superar a idolatria? Quais serviços você vê na Igreja que colocam em prática os ensinamentos de Jesus?


Oração 

Deus da aliança, fonte de misericórdia,
por tua graça, teu povo eleito pode te servir com dignidade.
Dá-nos progredir sempre neste caminho,
sem nada mais preferir que o teu amor e o teu reino.
Por Jesus Cristo, nosso Senhor.



sábado, 22 de outubro de 2011

“Amarás o Senhor... Amarás ao teu próximo.”



O evangelho de hoje nos situa diante de uma pergunta muito importante não apenas para os judeus, como também para nós, cristãos: o maior mandamento. É importante para nós, seguidores de Jesus, porque o mandamento nos reporta à prática evangélica.

A resposta de Jesus, fundamentada na Escritura, une dois mandamentos já conhecidos e praticados pelos judeus. O primeiro é amar a Deus (Dt 6,5), que resume a vocação própria de Israel, a razão de sua existência. Em Cristo, essa vocação estendeu-se a todos nós, chamados a amar a Deus no Filho amado. Ele nos ensinou o caminho de acesso a Deus Pai, no amor e na doação de sua vida integralmente. O segundo é amar o próximo como a si mesmo (Lv 19,18), cujo fundamento é Deus, que ama o ser humano. A realização desse mandamento faz parte da vocação de Israel e, em Jesus, chegou à plenitude, porque Cristo amou o próximo não como a si mesmo, mas como o Pai o ama. Deu-se totalmente ao outro como se dava totalmente ao Pai e como o Pai se dava a ele. Sem reservas. Por isso, ao unir os dois mandamentos e defini-los como vontade de Deus expressa na totalidade da Escritura (Lei e Profetas), Jesus apresenta uma novidade à sua época e a nós.

Jesus quer ressaltar que o mais importante para cumprir a vontade de Deus não é o muito fazer, seja por Deus, seja pelos irmãos. O importante é ser para o outro, como ele próprio foi para Deus e para o próximo. Toda a sua vida e missão traduziram quem ele é: o Filho amado. Toda a sua ação em prol do outro foi baseada no amor filial, fonte de sua existência.

Toda a Escritura (Lei e Profetas) testemunha que a realização da vontade de Deus está no cumprimento do duplo mandamento de amar a Deus e o próximo. Tudo o mais, nossos afazeres, nossas devoções etc. só têm sentido se nascem desse mandamento.
 (Extraído da revista Vida Pastoral)

Para refletir e partilhar:
01. Por que ainda se separa o amor a Deus e o amor ao próximo? Esta separação tem algum sentido para a/o cristã/o?
02. Como Jesus amou a Deus e ao próximo?
03. Como você e sua comunidade buscam conciliar o "amar a Deus" com o "amar o próximo"? 


Oração 

Ó Deus da vida, dá-nos, a cada dia,
a graça de amar te com um coração puro, indiviso,
e te servir com alegria nas/os irmãs/os.
Por Cristo, nosso Senhor. Amém


sábado, 15 de outubro de 2011

“Dai a Deus o que é de Deus.”



No evangelho de Mateus, esta passagem marca o início de uma série de confrontos de Jesus com seus adversários. Dois grupos, aparentemente opostos nos seus interesses, se fazem representar: um grupo marcadamente religioso, os fariseus, e outro grupo conhecido por sua explícita simpatia ao dominador romano.

Mais do que uma simples evasiva a uma cilada, a resposta de Jesus aponta para a soberania do reino de Deus, independente dos jogos políticos e das artimanhas do poder. A resposta de Jesus não justifica, como muitos podem deduzir, a separação entre um mundo profano e um mundo sagrado, o de Deus e do César. Nem, como muitos no seu tempo esperavam, um governo teocrático, que subjuga tudo à tirania dos chefes religiosos. Jesus parece querer um outro ponto diferente, tanto da separação total entre Deus e César, como da fusão indiscriminada entre os dois mundos.

O que o Senhor afirma com clareza, tanto no seu jeito de responder frente ao ardil que lhe armaram, quanto no conteúdo material de sua resposta, é a profunda liberdade do discípulo do reino que, em todo o momento, precisa construir seu caminho de fidelidade a Deus. Suas opções não são determinadas por César – e não importa que sejam contra ou a favor dele -, mas total e plenamente subordinadas a Deus.

Este difícil e árduo caminho da consciência cristã, que precisa exercer, a toda hora, a virtude do discernimento para manter a obediência a Deus, encontra, na liturgia, uma fonte de alimentação. A palavra de Deus dada ao batizado(a) na assembléia litúrgica atua como a formadora da sua consciência e lhe fornece os critérios para que possa julgar e decidir no cotidiano, a fim de que Deus receba a sua parte e seu quinhão.
 (Extraído do Dia do Senhor)

Para refletir e partilhar:
1. A exemplo de Jesus, você já se viu numa situação de conflito por causa de suas convicções religiosas? Partilhe. Como você se sentiu? Onde você buscou forças para não esmorecer?
2. O que significa hoje para a/o cristã/o o apelo de Jesus "Dai a Deus o que é de Deus"? 
3. A sua comunidade e família apoiam o seu compromisso com o Reino de Deus? Compartilhe.


Oração

Ó Deus da vida,
dá-nos, a cada dia,
a graça de estar sempre a teu dispor
e te servir com um coração indiviso.
Por Cristo, nosso Senhor.
Amém. 



sábado, 8 de outubro de 2011

Dizei aos convidados: já preparei o banquete.


28º DTC (Ano A): Isaías 25,6- 10a; Salmo 23(22); Filipenses 4,12-14.19-20; Mateus 22,1-14

No evangelho, Jesus compara o Reino de Deus ao banquete que um rei oferece por ocasião do casamento de seu filho. A imagem do matrimônio caracteriza especialmente a aliança de Deus com o povo (Os 1-3; Jr 2,2-3). As bodas do filho do rei simbolizam a chegada do Reino de Deus, o tempo novo de salvação inaugurado por Jesus, o Messias. Deus realiza o banquete nupcial da salvação com a humanidade, enviando Jesus, para resgatar a dignidade dos que estão nas encruzilhadas da vida. O convite é oferecido a todos, mas exige a resposta pessoal, a disposição para a mudança radical de vida: Amigo, como entraste aqui sem o traje de festa? (v.12). Deus oferece a oportunidade para o ser humano participar ativamente da alegria e felicidade do Reino. Os escolhidos são os que aceitam o convite e respondem com fidelidade ao chamado de Deus, realizando a sua vontade. Deus não se cansa de proporcionar os meios de conversão, enviando profetas e apóstolos para guiarem o povo no caminho da vida e salvação.

Na 1ª leitura, Deus oferece um banquete festivo a todas as nações para comemorar o seu reinado. A 2ª leitura mostra que a força de Cristo ressuscitado sustenta Paulo em meio às dificuldades, quando lhe faltam as condições mínimas à sua ação evangelizadora: Tudo posso naquele que me dá força.

Deus nos convida para celebrarmos o banquete do Reino, sinal de seu amor gratuito sem medidas. Como homens e mulheres renovados em Cristo pelo Espírito, possamos ser dignos de estar à sua mesa, dando testemunho de nossa dedicação e fidelidade constante.
 (Extraído da Revista de Liturgia)

Para refletir e partilhar:
1. Você experimenta o Reino de Deus como um alegre e festivo banquete de casamento? Explique.
2. Qual é "a roupa apropriada" que devemos usar para participar deste banquete?
3. Hoje, as quais encruzilhadas devemos ir? Que convidados devemos chamar?
4. O que podemos fazer para que a mesa de casa e da comunidade espelhem a imagem do banquete deste Evangelho?

Oração

Deus, mãe de consolação,
nós te pedimos que tua graça
sempre nos guie e nos acompanhe,
para que sejamos atentos e firmes
na prática da caridade e dos teus mandamentos.
Por Cristo, nosso Senhor.
Amém.