II Domingo do
Tempo Pascal (Ano C): At 5,12-16; Sl
117(118); Ap 1,9-11a.12-13.17-19; Jo 20,19-31
O texto
inicia-se situando a cena no tempo. É a tarde do domingo da Páscoa. Para os judeus,
já se havia iniciado novo dia. Para João, contudo, é ainda o dia da ressurreição,
a nova era inaugurada pela vitória de Jesus sobre a morte. A referência à tarde
do domingo reflete a práxis cristã de celebrar a eucaristia no dia do Senhor, ao
fim da tarde. Estamos, portanto, num contexto eucarístico. As portas fechadas
denotam um aspecto negativo (o medo dos discípulos) e um aspecto positivo (o novo
estado de Jesus ressuscitado, para o qual não há barreiras).
Jesus
apresenta-se no meio da comunidade (mais uma referência ao contexto
eucarístico) e saúda os discípulos com a saudação da plenitude dos bens
messiânicos: “A paz (shalom) esteja com vocês”. É a mesma saudação da
despedida (cf. 14,27). Por sua morte e ressurreição, ele se tornou aquele que
venceu o “mundo” e a morte. É a saudação do Cordeiro vencedor que ainda traz em
si os sinais de vitória, as marcas nas mãos e no lado (v. 20a). Dele a
comunidade se alimentará. A reação da comunidade é a alegria (cf. 16,20) que
ninguém, de agora em diante, poderá suprimir (cf. 16,22).
Assim
fortalecida, a comunidade está pronta para a missão que o próprio Jesus
recebeu: “Como o Pai me enviou, assim também eu envio vocês” (v. 21b). Quem
garantirá a missão da comunidade será o Espírito Santo. Para João, o
Pentecostes se realiza aqui, na tarde do
dia da ressurreição. (...) Jesus sopra sobre os discípulos e lhes comunica sua
própria missão. O sopro recorda Gn 2,7, o sopro vital de Deus que comunica a
vida. Recordando o Gênesis, João quer dizer que aqui, no dia da ressurreição, nasce
a comunidade dos seguidores de Jesus, aos quais ele confia sua própria missão.
Muito
provavelmente o episódio de Tomé foi lembrado pelo autor do 4º Evangelho para
eliminar mal-entendidos na comunidade, segundo os quais as testemunhas oculares
estariam num plano superior em relação aos que não viram pessoalmente o Senhor
ressuscitado. Esse era um conflito presente nas comunidades do fim do 1º
século. (...) A cena conclui com a única bem-aventurança explícita no Evangelho
de João (cf. 13,17). Ela privilegia os que vão crer sem ter visto. O evangelho
é desafio e abertura para o futuro: aceitá-lo ou não, aí se joga a sorte do ser
humano e do ser cristão.
(Extraído da revista
Vida Pastoral)
Oração
Ó Deus da Vida, dai-nos a graça de fazer a experiência pascal
e, assim, ver o vosso Filho ressuscitado presente no meio de nós e professar
nEle nossa fé.
Isto vos pedimos, pelo mesmo Cristo, Nosso Senhor.
Amém.
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