Lucas 19,28-40; Isaías 50,4-7; Salmo 22(21); Filipenses 2,6-11; Lucas 22,14-23,56
O relato [da Paixão] ressalta a humanidade de Jesus em profundo sofrimento, no lugar do Getsêmani. Na sua total solidão, derrama sua alma diante do Pai, em quem pode confiar plenamente. Manifesta-lhe toda sua fraqueza, pede-lhe socorro e dobra-se à vontade divina, mantendo-se firme na decisão de concluir sua tarefa com todas as consequências. Os discípulos, que deveriam vigiar com Jesus e apoiá-lo nessa hora de extrema dor, preferem abandonar-se ao sono. Jesus passou a vida fazendo o bem, fiel à missão que recebera do Pai. Sua fidelidade confronta-se com os grupos de poder, concentrados na capital, Jerusalém.
O grupo da elite religiosa pertencente ao Sinédrio mantinha seu poder à custa da exploração do povo empobrecido, legitimando suas posturas com interpretações interesseiras da Sagrada Escritura. Apesar de anunciarem a vinda do Messias, conforme as Escrituras, não podiam conceber que essa promessa se cumpriria na figura de alguém despojado de poder e solidário com os fracos e pequeninos. Não só isso: Jesus não adotou a mesma maneira dos rabinos de interpretar a palavra de Deus e toda a tradição de Israel. Seu lugar social era outro. E, por isso, era outro o modo de conceber as coisas. Enquanto a teologia oficial, com base no sistema de pureza, excluía da salvação as pessoas “impuras”, Jesus revela aos “impuros” o seu amor prioritário e oferece-lhes a salvação divina.
(...) A comunidade cristã contempla a Jesus como o Servo sofredor, que, assumindo a perseguição, a condenação, a paixão e a morte que lhe impõem os seus inimigos, revela a plenitude de seu amor pela humanidade em total confiança no socorro de Deus Pai (Evangelho). Jesus “se despojou de sua condição divina, tomando a forma de escravo... Abaixou-se e foi obediente até a morte sobre uma cruz” (II leitura). A celebração do domingo de Ramos constitui momento propício para manifestar gratidão a Deus pelo seu amor sem limites e para refletir sobre nossa responsabilidade no mundo de hoje de nos empenhar, a exemplo de Jesus, pela causa da vida de todos, conforme refletimos ao longo desta Quaresma.
(Extraído da revista Vida Pastoral)
Para refletir e partilhar
01. O que a entrada de Jesus em Jerusalém nos ensina sobre a sua pessoa e missão?
02. De que forma Jesus se revela como o verdadeiro Messias? Em que se baseia sua autoridade?
03. Como a paixão, morte e ressurreição de Jesus se prolongam nos dias de hoje?
Oração
Ó Deus, com ramos de oliveira,
crianças e pobres aclamaram Jesus ao entrar na cidade santa.
Abençoa nossa comunidade aqui reunida,
com ramos nas mãos louvando o teu nome.
Que no meio deste mundo ameaçado
pela violência este sinal da vitória pascal do Cristo,
nos anime no trabalho pela paz.
Por Cristo, nosso Senhor.
Amém.
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