terça-feira, 10 de março de 2015

“O zelo por tua casa me consumirá”.


III Dom Quaresma (Ano B):  –  Ex 20,1-17; Sl 18(19); 1Cor 1,22-25; Jo 2,13-25.


A proximidade da páscoa, com o seu grande consumo de animais, fazia com que o átrio do templo de Jerusalém se convertesse em um estábulo. Além disso, para o tributo do templo, o povo tinha que trocar dinheiro. Neste contexto e contra esses abusos, Jesus, continuando a tradição dos grandes profetas do povo de Israel, desde Natã até Jeremias, de desconfiança e crítica profética ao templo, realizou uma ação simbólica para expressar um oráculo e uma palavra de Deus. Assim, ele cumpriu a profecia de Zc 14,21, que anunciava o dia em que não haveria mais mercadores no templo do Senhor. O gesto de Jesus é apresentado como o anúncio da superação do templo e da introdução de uma nova compreensão de culto a Deus, baseado na obediência ao Pai. O lugar da verdadeira adoração de Deus não será mais o templo de Jerusalém, comprometido com os poderes do mundo, mas o templo do seu corpo martirizado e glorificado.

O(a) discípulo(a) de Jesus é convidado(a), na quaresma, a retomar este núcleo central da relação com Deus, a aliança com o Cristo, nova morada de Deus entre o seu povo. A prática de seus ensinamentos, em continuidade com o proclamado e o anunciado no domingo passado ( "Este é meu filho amado, escutem o que ele diz!"), torna-se a nova forma de adorarmos a Deus e constitui a essência do culto cristão. Como não cessavam de lembrar os pais da Igreja, "a prática da justiça constitue os sacrifícios que fazemos a Deus; o afastamento dos crimes, a forma com que nos reconciliamos com Deus; tirar um homem do perigo que lhe ameaça, a vítima mais preciosa que podemos imolar a Deus, de forma que, quanto mais se é justo, mais se é religioso" (Minúcio Félix).

Dessa forma, a comunidade dos que creem em Jesus, como corpo de Cristo, é o novo templo de Deus. E a assembleia da comunidade reunida para a celebração torna-se o lugar de realização desta adoração em espírito e verdade, onde ressoa a palavra do evangelho e onde se faz a memória subversiva da prática de Jesus, que não se apegou à sua vida, mas se deu em serviço de amor a seus irmãos.
(Extraído do Dia do Senhor)
Para refletir e partilhar:
01. Como a frase, "... Quanto mais se é justo, mais se é religioso." Como isso ocorre na vida da Jesus? E na sua? 
02. O que significa praticar a justiça no mundo de hoje?
03. Como você entende a frase, "o zelo por tua casa me consumirá"?

Oração 

Ó Deus, fonte de todo bem,
quiseste que dedicássemos este tempo quaresmal
à fraternidade, à oração e à renúncia de nós mesmos,
para que, fazendo morrer o pecado em nós,
fôssemos, por tua misericórdia, recriados para uma vida nova.
Por Cristo, nosso Senhor. Amém.


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