III Dom Quaresma (Ano B): – Ex 20,1-17; Sl 18(19); 1Cor 1,22-25; Jo 2,13-25.
A proximidade da páscoa, com o seu grande consumo de
animais, fazia com que o átrio do templo de Jerusalém se convertesse em um
estábulo. Além disso, para o tributo do templo, o povo tinha que trocar
dinheiro. Neste contexto e contra esses abusos, Jesus, continuando a tradição
dos grandes profetas do povo de Israel, desde Natã até Jeremias, de
desconfiança e crítica profética ao templo, realizou uma ação simbólica para
expressar um oráculo e uma palavra de Deus. Assim, ele cumpriu a profecia de Zc
14,21, que anunciava o dia em que não haveria mais mercadores no templo do
Senhor. O gesto de Jesus é apresentado como o anúncio da superação do templo e
da introdução de uma nova compreensão de culto a Deus, baseado na obediência ao
Pai. O lugar da verdadeira adoração de Deus não será mais o templo de
Jerusalém, comprometido com os poderes do mundo, mas o templo do seu corpo
martirizado e glorificado.
O(a) discípulo(a) de Jesus é convidado(a), na
quaresma, a retomar este núcleo central da relação com Deus, a aliança com o
Cristo, nova morada de Deus entre o seu povo. A prática de seus ensinamentos,
em continuidade com o proclamado e o anunciado no domingo passado ( "Este
é meu filho amado, escutem o que ele diz!"), torna-se a nova forma de
adorarmos a Deus e constitui a essência do culto cristão. Como não cessavam de
lembrar os pais da Igreja, "a prática da justiça constitue os sacrifícios
que fazemos a Deus; o afastamento dos crimes, a forma com que nos reconciliamos
com Deus; tirar um homem do perigo que lhe ameaça, a vítima mais preciosa que
podemos imolar a Deus, de forma que, quanto mais se é justo, mais se é
religioso" (Minúcio Félix).
Dessa forma, a comunidade dos que creem em Jesus, como
corpo de Cristo, é o novo templo de Deus. E a assembleia da comunidade reunida
para a celebração torna-se o lugar de realização desta adoração em espírito e
verdade, onde ressoa a palavra do evangelho e onde se faz a memória subversiva
da prática de Jesus, que não se apegou à sua vida, mas se deu em serviço de
amor a seus irmãos.
(Extraído do Dia do Senhor)
Para refletir e partilhar:
01. Como a frase, "... Quanto mais se é justo, mais se é religioso." Como isso ocorre na vida da Jesus? E na sua?
02. O que significa praticar a justiça no mundo de hoje?
03. Como você entende a frase, "o zelo por tua casa me consumirá"?
Oração
Ó Deus, fonte de todo bem,
quiseste que dedicássemos este
tempo quaresmal
à fraternidade, à oração e à
renúncia de nós mesmos,
para que, fazendo morrer o pecado
em nós,
fôssemos, por tua misericórdia, recriados
para uma vida nova.
Por Cristo, nosso Senhor. Amém.
Nenhum comentário:
Postar um comentário