segunda-feira, 25 de maio de 2009

Ascensão do Senhor

Vão pelo mundo inteiro e anunciem a Boa Notícia para toda a humanidade. (Mc 16, 15)

O Evangelho da Solenidade da Ascensão do Senhor (Mc 16, 15-20) é parte do trecho 16, 9-20 do de Marcos e é considerado pelos estudiosos como um posterior acrécimo ao Evangelho. O comentário da Bíblia Sagrada - Edição Pastoral, explica de maneira sucinta esta passagem.

Este trecho difere muito do livro até aqui; por isso é considerado obra de outro autor. Os cristãos da primeira geração provavelmente quiseram completar o livro de Marcos com um resumo das aparições de Jesus e uma apresentação global da missão da Igreja. Parece que se inspiraram no último capítulo de Mateus (28,18-20), em Lucas (24,10-53), em João (20,11-23) e no início do livro dos Atos dos Apóstolos (1,4-14).
Embora seja acréscimo de retalhos tomados de outros escritos do Novo Testamento, o trecho conserva o pensamento de Marcos, isto é: os discípulos devem continuar a ação de Jesus.

Na Festa da Ascensão do Senhor, somos convidados a não ficarmos parados, fixados na imagem da ascensão, mas a sair e anunciar o Evangelho a toda a humanidade. A força do Espírito Santo, protagonista da ação evangelizadora, nos impulsiona a levar adiante a missão de Jesus Cristo, num mundo às vezes hostil, outras vezes indiferente à sua mensagem de solidariedade, justiça e paz.

Para refletir e partilhar:

1. O que significa para mim "Anunciar a Boa-Notícia"?


Deus de compaixão,
tu nos amaste e perdoaste em Cristo.
Tu reconciliaste toda a humanidade em teu amor redentor.
Olha com bondade todos aqueles que trabalham e rezam
pela unidade das Comunidades cristãs, ainda divididas.
Dá-lhes serem irmãos e irmãs em teu amor.
Possamos nós ser um, “um em tua mão”.

Amém.

(Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos 2009)





domingo, 17 de maio de 2009

Vocês são meus amigos (VI DTP)

Vocês são meus amigos... eu chamo vocês de amigos porque eu comuniquei a vocês tudo o que ouvi de meu Pai. (Jo 15, 14-15)

O texto do Evangelho de hoje (Jo 15, 9-17) continua a reflexão de domingo passado, quando Jesus afirmou ser a vinha verdadeira, seu Pai o agricultor e seus discípulos os ramos. Agora, Jesus diz, "Assim como meu Pai me amou, eu também amei vocês: permaneçam no meu amor" (Jo 15, 9). Todo aquele/a que permanece em Jesus produz fruto e o fruto é o amor. Não é, contudo, qualquer tipo de amor, mas o mesmo amor que flui do Pai para o Filho e do Fiho para a comunidade de seus discípulos/as. Tudo isso no Espírito.

Jesus é a expressão máxima do amor do Pai. Sua encarnação, vida, paixão, morte e ressurreição manifesta ao mundo a verdadeira face do amor. Não é um amor intimista, egoísta, ou superficial, voltado para si mesmo. O amor revelado em Jesus é o amor que liberta, dá vida e constrói comunhão. Para saber se um amor é verdadeiro, é só compará-lo com o amor de Jesus e seu ensinamento: "Não existe amor maior do que dar a vida pelos amigos (Jo 15, 13)."

Notem que Jesus chama os seus discípulos de amigos. Parece haver uma evolução da relação mestre-discípulo para a relação de amizade. Nesta altura do Evangelho, seus seguidores são chamados de amigos (φίλοι) e participam de sua intimidade e confiança, "... Eu chamo vocês de amigos, porque comuniquei a vocês tudo o que ouvi de meu Pai (Jo 15, 15). Jesus já havia demonstrado amor pelo seu amigo Lázaro (cf. Jo 11, 3. 11.36). E, na passagem deste mundo para o Pai, Jesus manifesta a totalidade do seu amor (cf. 13, 1). É oportuno lembrar que no Êxodo, Moisés é chamado de amigo de Deus, "Javé falava com Moisés face a face, como um homem fala com o amigo (Ex 33, 11). No Evangelho, Jesus refuta qualquer traço de dominação e servidão no relacionamento com ele (cf. Jo 15, 15) e promove o relacionamento de companheirismo e comunhão.

Amar se torna o mandamento-missão que Jesus confere a comunidade de seus discípulos-amigos, "... Amem-se uns aos outros, assim como eu amei vocês" (Jo 15, 12). Na força do Espírito, somos capazes de amar como Jesus amou, na doação e no serviço generoso ao próximo, pois é ele mesmo que ama em nós, fazendo-se amigo conosco e tornando nos amigos/as uns dos outros.


Partilha/Reflexão:

1. O mandamento de Jesus, "amem uns aos outros como eu amei vocês", te questiona, anima ou conforta?

2. Você percebe verdadeira relação de amizade nas comunidades cristãs? Como elas vivem o mandamento do amor?

3. O mundo parece carente de amor verdadeiro. Você concorda com isso? Por quê?

Senhor, irmão dos pobres e excluídos,
companheiro dos que buscam o Reino,
amigo dos seus discípulos-missionários,
ensinai-nos a viver o mandamento do amor.
Que vosso amor em nós, nos ajude a amar
de maneira livre, verdadeira e não egoista, e
assim, amar o próximo como vós mesmo nos ama.
Amém.




domingo, 10 de maio de 2009

Fiquem unidos a mim (V DTP)

Fiquem unidos a mim, e eu ficarei unido a vocês. (Jo 15, 4)

No evagelho de hoje, João usa outra imagem do Antigo Testamento para falar da relação entre Jesus e seus discípulos. No Antigo Testamento, Israel é retratada como a videira do Senhor (cf. Is 5, 1-7; 27, 2-6; Jr 2, 21; Sl 80, 8-15). No evangelho, Jesus fala de si como a verdadeira videira e o Pai como o agricultor. Jesus afirma a necessidade de cada discípulo estar unido a ele e produzir fruto. É bom lembrar que o trecho de hoje faz parte do último discurso de Jesus e ocorre durante a última ceia. Este discurso representa o testamento de Jesus ao seus discípulos. Ele afirma a unidade dos seguidores de Jesus a partir da união pessoal de cada discípulo com o Senhor e sua palavra.

O Evangelho de João usa o verbo grego μένω (menō) para comunicar a relação entre Jesus (a videira) e seus discípulos (os ramos). Este verbo aparece diversas vezes em todo evangelho e pode ser traduzido como permanecer, ficar, habitar, morar etc. Aqui, é traduzido como "ficar/estar unido." Logo no início do Evagelho, os discípulos de João Batista indagam Jesus: "Rabi, onde μένεις (moras, habitas, permaneces, ...)? Ao longo do evangelho, os leitores descobrem que a verdadeira morada de Jesus é o Pai. E o Pai mora (está unido) em Jesus e realiza suas obras (Cf. Jo 14, 10-11). Da mesma maneira, Jesus requer dos seus discípulos semelhante união. Ele diz, "Fiquem unidos a (morem, permaneçam em, ...) mim, e eu ficarei unido a (morarei, permanecerei em, ...) vocês." (Jo 15, 4).

Ao permanecer unidos à Jesus, os discípulos produzem fruto. Na verdade, Jesus afirma que o discípulo que não produz fruto será jogado fora como um ramo, e secará. Produzir fruto, portanto, é missão essencial do seguimento de Jesus. E para produzir fruto, o discípulo deverá ficar unido a (morar em) Jesus.


Ó Deus da Vida,
vós plantates a verdadeira videira, Jesus,
e dela cuidades com amor.
Ajudai nos a ficar unidos a vossa videira,
ser nutridos por ela e dar muito fruto,
frutos de justiça, verdade e paz.
Amém.