sábado, 29 de janeiro de 2011

Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos Céus.

IV Dom. TC (Ano A): Sf 2,3; 3,12-13; Sl 145; 1Cor 1, 26-3; Mt 5,1-12a


O evangelho apresenta as bem-aventuranças, que marcam o início do chamado “Sermão da Montanha” (caps. 5 a 7). Jesus sobe à montanha, lembrando Moisés no Sinai, quando deu ao povo a Lei ou Instrução de Deus. Ele senta-se, como mestre, rodeado pelos discípulos, para proclamar a nova justiça do Reino. Em meio a uma realidade que considerava a prosperidade e o sucesso como sinais da bênção de Deus, Jesus proclama felizes os pobres, os aflitos, os mansos, os famintos (vv.3-6). Ele enaltece as pessoas marginalizadas, não as situações de injustiça, que precisam ser transformadas. Consola os pequenos, os que abrem o coração para acolher a sua benevolência. Propõe um compromisso radical em favor do Reino mediante ações misericordiosas, através da pureza ou retidão de intenções e promoção da paz (vv.7-9). Os discípulos, como verdadeiros profetas, são perseguidos por causa da justiça do Reino (vv.10-12). Mas desde já experimentam a alegria como recompensa de sua fidelidade ao evangelho.

Na 1ª leitura, o profeta Sofonias vê nos humildes e pobres a esperança de continuar a obra da salvação. As deportações e o exílio na Babilônia causaram sofrimento e mortes ao povo. Os poucos sobreviventes de Israel e Judá seguem com fidelidade o projeto de Deus, garantindo a realização das promessas de libertação. O salmo é um hino de louvor, que celebra a fidelidade eterna de Deus.

A 2ª leitura, considerada a partir do v.18, ressalta que Deus manifestou sua sabedoria e poder de salvação no Cristo crucificado. Deus escolhe o que é fraco, o que no mundo não tem nome nem prestígio, para que o glorifique.

As bem-aventuranças convidam a descobrir os valores do Reino em meio aos desafios da missão; impelem a acolher o dom da salvação, na abertura confiante à vontade de Deus; motivam a seguir Jesus, cooperando para que todos tenham uma vida digna, feliz.

(Extraído da Revista de Liturgia)

Para refletir e partilhar:

01. Qual bem-aventurança que mais tocou você hoje? Por quê?

02. Quais os sentimentos que as bem-aventuranças trazem para você e sua comunidade? Partilhe.

03. Como as bem-aventuranças se contrapõem aos valores propagados na sociedade em que vivemos?


Oração

Ó Deus dos pequeninos, no Cristo, teu filho,
tu nos abres um caminho de vida e felicidade.
Escuta a oração dos teus pobres:
concede-nos pureza e mansidão de coração,
fortalece-nos na prática da misericórdia,
confirma-nos na luta pela paz,
aumenta nossa fome e sede de justiça,
consola-nos nas dificuldades,
para que vivamos na alegria
dos herdeiros e herdeiras do teu reino.
Por Cristo, nosso Senhor.
Amém.


sábado, 22 de janeiro de 2011

Eles, imediatamente deixaram as redes e o seguiram.

III Dom. TC (Ano A):
1ª Leitura - Is 8,23b-9,3;  Salmo - Sl 26,1.4.13-14 (R.1a.1c); 
2ª Leitura - 1Cor 1,10-13.17; Evangelho - Mt 4,12-23




A cidade de Cafarnaum, e toda a Galiléia do tempo de Jesus, era lugar de refugiados e estrangeiros marginais, chamada, por isso, não sem preconceito, de “Galiléia das nações”: afinal as nações eram os pagãos e os não-judeus, os que não faziam parte do povo eleito. É neste cenário que Jesus inicia seu anúncio do reino e se encontra com Pedro e André, Tiago e João, pescadores. Um trabalho cheio de hostilidade, sem garantia de êxito. O chamado que Jesus faz a eles é categórico e a resposta é imediata e incondicional. É o início de uma comunidade de discípulos, onde se torna viável o caminho da conversão que eles devem indicar para outros. É uma comunidade de seguidores de Jesus que devem acompanhá-lo em sua itinerância e aprender com ele o ministério do ensino e da cura. Ela se torna o instrumento através do qual o povo das trevas torna-se o povo da luz.

Este evangelho nos coloca diante de uma proposta simples e, ao mesmo tempo, radical. O primeiro passo é deixar as redes, o segundo é aprender a viver em comunidade. O anúncio do reino supõe a vivência do discipulado numa comunidade concreta, o exercício cotidiano do serviço, da entrega nas pequenas coisas, na superação de nós mesmos na relação com os outros. Sem isso, o ensino fica vazio. O movimento de evangelização com as massas fica sem base, sem a experiência das pequenas comunidades.

Ao mesmo tempo, a comunidade dos discípulos e discípulas não é uma comunidade com fim em si mesma, mas está permanentemente a serviço do reino. Como Jesus, ela tem a missão de apontar saída para o fatalismo, proclamando a boa notícia e exercendo o ministério da cura.

Na celebração litúrgica, esta palavra nos chama de novo para o caminho de conversão na comunidade concreta, a serviço do reino.

(Extraído do Dia do Senhor)


Para refletir e partilhar:
01. Quando você tomou consciência do seu chamado e se despertou para ser discípula/o missionária/o de Jesus Cristo?

02. Sua comunidade tem uma missão comum que une todas as postorais, grupos, movimentos e serviços? Como esta missão está relacionada com a missão de Jesus?

03. Sua comunidade está mais voltada para si mesma ou para o mundo? Partilhe.


Oração

Ó Deus de ternura,
renovas em nós o desejo de seguir Jesus
e sermos anunciadores do reino.
Dá-nos a unção do teu amor
para servirmos com dedicação e ternura,
seja na comunidade dos irmãos, seja na missão.
Por Cristo, nosso Senhor.
Amém.


sábado, 15 de janeiro de 2011

Eis o Cordeiro de Deus.

II Dom. TC (Ano A): Is 49,3.5-6; Sl 39; 1Cor 1,1-3; Jo 1,29-34


Jesus é apresentado por João Batista como o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo (v.29). Lembrando o Servo Sofredor (Is 52,13-53,12), Jesus oferece a vida pela salvação. Ele é o Cordeiro Pascal (19,14), aquele que sela a aliança com seu sangue, inaugurando uma nova Páscoa, um novo êxodo. De sua morte redentora na cruz nasce o Espírito (7,37-39), que liberta do pecado e plenifica de vida. João é o precursor, enviado para dar testemunho da luz (1,6-8). Ele batiza com água, apontando para aquele que batiza com o Espírito Santo (v.33). Com a ressurreição, Jesus comunica o dom do Espírito a seus discípulos (20,19-23), para que continuem a sua missão libertadora. Assim, o batismo no Espírito do Cordeiro implica em cooperar na libertação do mundo do mal. João reconhece Jesus por revelação da graça de Deus. Ele caracteriza o caminho progressivo de fé do discípulo/a, pois passa do não conhecimento a ver em Jesus o Messias, o Cordeiro libertador, o Filho de Deus. 

A 1ª leitura, tirada do segundo cântico do Servo, reflete a expectativa do povo exilado na Babilônia de voltar à pátria. O Servo é chamado para exercer uma missão profética, universal, sendo luz das nações. O salmo ensina a cumprir a vontade de Deus, proclamando a sua justiça com fidelidade. 

Paulo, na 2ª leitura, saúda os cristãos de Corinto como apóstolo de Cristo. Mostra que a comunidade foi santificada e escolhida por Deus em Cristo mediante sua vida, morte e ressurreição.

A força do Espírito Santo nos impele a continuarmos a missão de Jesus, Servo e Cordeiro, doando a nossa vida para que o amor reine no mundo. Com a saudação litúrgica de Paulo (cf. 1Cor 1,3), demos graças ao Pai que revela sua paz em Jesus Cristo e nos chama a viver em comunhão..

(Extraído da Revista de Liturgia)

Para refletir e partilhar:

1. O que significa para nós hoje professar a fé em Jesus, o Cordeiro Deus que tira o pecado do mundo, que liberta o mundo do mal? Quais são os males presentes no mundo, na comunidade cristã, em nossa família e em nós mesmos que precisam ser eliminados?

2. Como Jesus tira o pecado do mundo? O que devemos também nós fazer?

3. Rezemos pelas vítimas das chuvas no Brasil e nos perguntemos o que podemos fazer para aliviar o seu sofrimento e impedir que situações como estas não voltem a ocorrer no nosso país.



Oração

Deus das promessas, teu filho Jesus assumiu nossa condição
para que fôssemos livres das forças da morte.
Derrama sobre nós o teu Espírito.
Que ele nos dê ânimo para continuarmos sua missão
de tirar o pecado do mundo,
lutando contra tudo o que fere a beleza do universo, a paz universal
e a dignidade das tuas criaturas.
Por Cristo, nosso Senhor.
Amém.


 

sábado, 8 de janeiro de 2011

Este é o meu Filho amado.



Mateus faz questão de mostrar por que Jesus se incorpora ao povo que está para receber o batismo de João: o que para outros era sinal de arrependimento, para ele é a plenittude da justiça. Estruturando sua narração como uma revelação ou epifania de Deus em Jesus Cristo, mostra um claro ritmo trinitário: o Pai fala, o Espírito se manifesta, Jesus recebe o título de Filho. Os céus se abrem – e havia a crença entre os judeus de que os céus tinham se fechado e Deus havia esquecido seu povo – para que o Espírito de Deus repouse novamente na humanidade. A figura da pomba recorda a esposa do Cântico dos Cânticos e possui nitidamente esta dimensão esponsal de Deus que casa novamente com a humanidade e com ela refaz sua aliança. Jesus, como o amado do Pai, é consagrado para a missão, assumindo a missão do servo proclamada por Isaías, encarregado de estabelecer o reino.

A comunidade cristã, corpo de Cristo, continua esta missão de ser, ao mesmo tempo, filho de Deus e servo da confiança de Deus, expressão do amor de Deus por toda a humanidade. A sua missão continua hoje na entrega das pessoas e dos grupos que lutam contra a fome no mundo e estão a serviço dos mais fracos. Celebrando, hoje, a memória do dia em que Jesus foi batizado, nós também descemos com ele às águas e anunciamos as maravilhas daquele que nos chamou das trevas à sua luz. Participamos desse cargo de confiança, vivemos, nós também, esta experiência de ver o céu se abrindo e o Pai se manifestando a nós pelo seu Espírito.

(Extraído do Dia do Senhor)

Para refletir e partilhar:

1. Como a celebração do Batismo do Senhor pode nos ajudar a viver o nosso próprio batismo?
2. Consagrado nas águas do Jordão, Jesus abraça com fidelidade a sua missão e inaugura o seu ministério. Você tem consciência da sua missão no mundo? De que forma a sua comunidade-Igreja continua a missão de Jesus?
3. Você já visitou a pia batismal ou a Igreja onde você foi batizada/o e renovou como adulto o seu batismo, mais consciente do seu significado? Como foi esta experiência?


Oração

Ó Deus do universo, força de consolação,
quando o teu filho Jesus mergulhou nas águas do Jordão
e o Espírito desceu sobre ele,
tu o proclamaste teu filho amado.
Dá aos teus filhos e filhas,
renascidos da água e do Espírito Santo,
a graça de permanecerem sempre na tua comunhão.
Por Cristo, nosso Senhor.
Amém.


domingo, 2 de janeiro de 2011

Ao verem de novo a estrela, os magos sentiram uma alegria muito grande.

Epifania do Senhor (Ano A): Is 60,1-6; Sl 71; Ef 3,2-3a.5-6; Mt 2,1-12


Mateus continua a descrever os acontecimentos da infância, mas alarga o quadro, mostrando que os pagãos são atraídos pela luz de Jesus Rei. O episódio está centrado no tema da realeza. Herodes, chamado o grande, estrangeiro, é rei da Judéia, nomeado e protegido pelo senado romano e visto pela população como ilegítimo. Jesus nasce na cidade de Davi, como descendente de Davi, potencialmente sucessor legítimo. Para Herodes, é um rival perigoso. Uns magos orientais acorrem ao presumido herdeiro a fim de render-lhe homenagem, tratando-o com o título de Rei dos judeus. A astúcia de Herodes é vencida pelo milagre da estrela e pela fidelidade dos visitantes. Os magos trazem o tributo dos pagãos ao rei menino e voltam por outro caminho.

O texto também indica um itinerário da fé: a busca dos sinais de Deus e o deixar-se conduzir por eles; a experiência de fé que transfigura as inquietações em uma grande alegria; a adoração e o reconhecimento do Deus da vida, caracterizados pela abertura dos tesouros dos magos; enfim, a transformação da existência coditiana, sinalizada pela volta dos magos por outro caminho.

A festa da Epifania retoma o Natal de Jeus celebrando a sua humanidade manifestada a todos os povos e não apenas ao povo judeu. Traz consigo a mística da universalidade da salvação: “Levanta-te e brilha, Jerusalém, olha o horizonte e vê. Sobre todas as nações brilha a glória do Senhor”(Is 60, 1). Da mesma forma, santo Agostinho: “A palavra grega epifania, significa minifestação. Hoje, portanto, manifesta-se o Redentor de todos os povos e faz deste dia a festa de todas as nações”.

Nossa assembléia, com sua pluralidade e diversidade, é sinal desta universalidae da salvação que é dada a todos os povos. Nela repercute a mesma alegria que tomou conta dos magos ao rever a estrela – e não é assim que nos sentimos a cada domingo quando nos encontramos para escutar a Palavra e cantar os seus louvores? Ela é hoje para nós e para nossos irmãos e irmãs o aviso que nos é dado para sermos conduzidos até ele, experenciarmos o encontro que nos transfigura e trilharmos novos caminhos.

(Extraído do Dia do Senhor)
Para refletir e partilhar:

1. Descreva o seu itinerário de fé. Como você tomou consciência ou despertou para a fé em Jesus Cristo?Quais foram as experiências mais marcantes da sua caminhada de fé? Quais são os sinais que te orientam no mundo de hoje?

2. A Epifania nos ensina que a salvação é para todos os povos. Você percebe que a sua comunidade é composta por gente de costumes e tradições diferentes? Isso é uma riqueza ou um problema?


Oração


Ó Deus, de todos os povos,
guiando os magos pela estrela,
tu revelastes hoje o teu filho Jesus a toda a humanidade.
Dá a nós, teus servos e servas, que já te conhecemos pela fé,
a graça de buscarmos sempre o teu rosto
e participarmos plenamente da tua luz.
Por Cristo, nosso Senhor! 
Amém.