domingo, 21 de junho de 2009

Acalme-se (XII DTC)

Então Jesus se levantou e ameaçou o vento e disse ao mar: "Cale-se! Acalme-se!" (Mc 4, 39)

O trecho do Evangelho deste domingo (Mc 4, 35-41) faz parte de uma seção maior onde Jesus revela seu poder sobre a natureza, a possessão demoníaca (5, 1-20), a doença (5, 25-34) e a morte (5, 21 – 24, 35-43). A questão sobre a identidade de Jesus, fundamental no Evangelho de Marcos, aparece na expressão que encerra a passagem, quando os discípulos indagam, “Quem é esse homem, a quem até o vento e o mar obedecem?”

“... No simbolismo da Bíblia, o mar, embora sujeito ao domínio de Deus, permanece um mundo cheio de mistérios e perigos, em virtude da profundidade de seus abismos, da amargura de suas águas, do perpétuo flutuar de suas ondas, de sua força destruidora quando se desencadeia. Por isso, torna-se também a mais eloqüente e eficaz imagem das forças do mal, orgulhosas e ameaçadoras, que encontram um plástico simbolismo nos míticos e fabulosos monstros que a fantasia popular coloca em seus abismos.” (Missal Dominical – Missal da Assembléia Cristã, Paulus, 1995, p. 939)

Ao controlar as forças da natureza, Jesus faz o mesmo que Deus faz quando derrota as forças que ameaçam a vida (cf. Sl 107, 23-32). A ordem de Jesus ao vento e ao mar, “Cale-se! Acalme-se!”, faz lembrar uma ordem semelhante dada por Jesus ao um espírito mau quando libertou um homem possuído por forças demoníacas (cf. 1, 25). O mar não só representa a instabilidade, o desconhecido e o caos, mas também as forças do mal que atentam contra a vida humana. Sobre elas, Jesus demonstra seu poder.

Ao questionar os discípulos dizendo, “Por que vocês são tão medrosos? Vocês ainda não têm fé?”, Jesus faz a mais dura desaprovação aos díscipulos até o momento no Evangelho de Marcos. Não fica claro se o questionamento se refere a falta de fé nele ou em Deus. Se há falta de fé em Deus, os discípulos deveriam demostrar confiança em Deus, assim como Jesus demonstra (cf. 4, 38). Se há falta de fé em Jesus, os discípulos já deveriam confiar nele e não cair no desespero.

O mundo moderno em que vivemos é caracterizado pelo desenvolvimento científico e tecnológico que busca controlar as forças da natureza. No entanto, hoje, o mal que atenta contra a vida humana parece não estar no campo da natureza, mas nas ações egoísticas e gananciosas do ser humano, cujo apetite incontrolável de alguns coloca em risco a vida de tantos outros e o próprio mundo. Diante das ameaças de morte geradas pela ambição humana, o Evangelho de hoje nos consola e sustenta, afirmando que o poder de Deus em Jesus Cristo é vencedor de todas as forças do mal.


Para refletir/comentar:
1. Quais são as forças do mal que ameaçam a vida humana e sua comunidade em particular? 2. Como podemos superá-las? 3. “Quem é esse homem, a quem até o vento e o mar obedecem?”

Senhor Jesus Cristo,
a quem até o vento e o mar obedecem,
daí-nos a serenidade e a confiança necessárias
para enfrentar os perigos e mal que atentam contra a beleza da vida.
Amém.




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