No evangelho, a cura do cego de nascença é um sinal que
glorifica a obra do Pai mediante a ação do Filho Jesus. A cegueira não é
consequência do pecado. Jesus fixa o olhar sobre o cego e o unge com barro,
dando-lhe a ordem para ir lavar-se na piscina de Silóe (= enviado). Obediente à
palavra, o cego mergulha na água do Enviado do Pai e renasce para uma nova
existência. Os vizinhos não conseguem entender, mas o cego, despertado pelo
encontro com Jesus, assume sua própria identidade. Fui, lavei-me e comecei a
ver (v.11). Ele progride no conhecimento e experiência de Cristo até chegar a
crer no Filho do Homem (v.35). Por causa da profissão de fé em Cristo, o cego
enfrenta dificuldades. Expulso da sinagoga, ele representa a situação dos
cristãos, separados da comunidade judaica por volta do ano 85 d.C, ao mesmo
tempo, perseguidos e oprimidos pelo império romano. Em meio a uma realidade de
dor e exclusão, os cristãos fundamentam sua identidade em Jesus, como o Filho
do Homem. O encontro com Jesus, com sua presença reveladora, ilumina o caminho
da fé: Eu creio, Senhor!
Na 1ª leitura, Davi é ungido rei, embora não fosse o
filho primogênito. Deus toma a iniciativa de conduzir a história, escolhendo
pessoas para serem seus instrumentos, sem levar em conta os méritos. A 2ª
leitura salienta a necessidade de viver como filhos da luz, produzindo frutos
de bondade, justiça e verdade.
Como o cego, é necessário percorrer o caminho para
chegar à luz da fé em Cristo. É preciso mergulhar na graça, na água do Enviado
do Pai, para ser testemunha autêntica do evangelho. Guiados pela presença do
Senhor, não temeremos passar por vales tenebrosos ou adversidades.
(Extraído da Revista de Liturgia)
Oração
Ó Pai, fonte de luz e de vida,
por teu filho Jesus Cristo
reconciliaste a humanidade dividida.
Arranca de nós toda a sombra de tristeza
e liberta-nos totalmente,
para que caminhemos cheios de alegria
para as festas pascais que se aproximam.
Por Cristo, nosso Senhor.
Amém.