sábado, 27 de novembro de 2010

Portanto, ficai atentos! (I Advento - Ano A)


O evangelho está situado no discurso escatológico (caps. 24 e 25) e introduz o tema da vigilância, ressaltado em diversas parábolas (24,45-25,30). Exorta a preparar a vinda do Senhor, que vem para realizar a salvação na história. Propõe uma escolha radical: acolher ou recusar o Filho do Homem, o Senhor Jesus que se manifesta nas atividades cotidianas, como comer, beber, casar. O trabalho no campo caracteriza a missão dos discípulos/as. Com a forma imperativa “vigiai” (v.42), os discípulos são convidados a estar preparados: viver com disponibilidade, dedicando-se ao serviço do Reino, acolhendo a sua presença em cada momento.

Na 1ª leitura, Isaías utiliza a imagem das peregrinações religiosas ao templo de Jerusalém, para ressaltar a esperança universal de salvação. O povo estava passando por um momento de crise político-religiosa. Mas, incentivado pelo profeta, encontra na palavra de Deus, a instrução e a norma para trilhar o caminho da vida, transformando as armas da guerra em instrumentos de paz.

A 2ª leitura insere-se após a proclamação do mandamento fundamental do amor ao próximo (cf.v.9). Quem assume com radicalidade esse princípio vive o kairós de Deus, isto é, o tempo de salvação. É hora de despertar, de acordar para o tempo novo de libertação. O Senhor nos reveste com a sua graça para que caminhemos como filhos da luz, libertos das obras das trevas.

Iniciando hoje o advento e o novo ano litúrgico, somos chamados a permanecer em atitude vigilante para acolher os sinais de Deus. A palavra do Senhor nos desperta, nos mantêm acordados para o compromisso de sermos construtores de paz. A luz da salvação refulge em nós sob a forma de amor fraterno e solidário.

A vinda do Senhor é antecipada na celebração eucarística. Mas nós não celebramos apenas sua presença, e sim o desejo que ele venha, que possamos estar com ele em todos os momentos da nossa vida e, sobretudo na outra vida. E enquanto caminhamos neste mundo sejamos vigilantes, nos despojando a cada dia das ações das trevas e nos revestindo das armas da luz.

(Extraído da Revista de Liturgia)

Para refletir e partilhar:

1. Como o Reino de Deus se manifesta no cotidiano de sua vida?
2. Quais são as situações e atitudes que ofuscam a manifestação do Reino de Deus no mundo?
3. Como a sua comunidade se mantém atenta e vigilante nos dias atuais?

Oração

Ó Deus das promessas,
dá ao teu povo o firme desejo de buscar o teu reino,
para que, acolhendo com obras de paz e justiça
o Cristo que vem ao nosso encontro,
sejamos verdadeiramente servidoras e servidores teus!
Por Cristo, nosso Senhor.
Amém.



Taizé

Jesus, remember me when you come into your Kingdom.
(Jesus, lembra-te de mim quando vieres no teu Reino)

sábado, 20 de novembro de 2010

Jesus, lembra-te de mim, quando entrares no teu reinado! (Cristo Rei - Ano C)

O tema do reinado de Cristo aparece no evangelho de Lucas, com toda a sua força, nas narrativas da morte de Jesus na cruz, tanto na boca dos soldados que o insultam como no pedido de um dos ladrões para que se lembre dele no seu reino.

Para Lucas, o reino de Cristo se inicia realmente na hora da cruz, e dele participa quem é capaz de se converter e mudar suas opções de vida. Ao contrário do que os soldados pensavam, o reino de Jesus não se manifesta em prodígios incríveis – como seria se Jesus salvasse a si mesmo – mas no seu poder de reconciliar a humanidade com Deus através da cruz, ato supremo do seu amor e serviço aos seus irmãos. O reinado de Jesus é, fundamentalmente, a reconciliação da humanidade com Deus, a humanidade participando da vida de Deus.

Em nossa celebração, proclamamos Jesus como o rei que venceu a violência pelo amor e pela não-violência. Pela força amorosa do Espírito que prolonga na Igreja a sua memória, somos transfigurados de nossas idéias triunfalistas para abraçarmos com toda a ternura do coração a sua vida em nós e a missão que ele nos confia.

(Extraído do subsídio Dia do Senhor)

Para refletir e partilhar:

1. Cruz, Reino de Deus, paraíso...  o que estas palavras-símbolos no diz nesta Festa de Cristo Rei?
2. Como o reinado de Jesus se diferencia e se contrasta com os governos atuais que se pautam pelo busca do poder econômico-militar e por ambições pessoais?
3. O que significa para você proclamar o Crucificado Jesus como o Messias, Rei do Universo?

Oração

Deus da vida,
tu quiseste reunir e reconciliar toda a tua criação
no teu filho Jesus,
a quem proclamamos amigo e servidor dos pobres,
Senhor do universo e da história.
Escuta nossas preces
e concede a todas as criaturas, libertas de toda escravidão,
a graça de servir ao teu reino
e glorificar sempre teu nome santo,
bendito pelos séculos dos séculos.
Amém.


Reginaldo Veloso
Deus santo, tem piedade de nós! (bis)
Deus santo, Deus forte, tem piedade de nós! (bis)
Deus santo, Deus forte, Deus imortal, tem piedade de nós! (bis)



sábado, 13 de novembro de 2010

É permanecendo firmes que ireis ganhar a vida! (XXXIII DTC - Ano C)

Para a comunidade de Lucas, exposta às perseguições de fora e às crises internas, refletir sobre o fim dos tempos servia como incentivo e firmeza no caminho da fé. A destruição de Jerusalém, ocorrida anos antes da redação final deste evangelho, era um sinal muito forte que apontava para a chegada dos últimos tempos. As perseguições, vividas por esta comunidade, podiam ser vistas como o começo do juízo de Deus sobre a história e o mundo, quando ele fizer justiça aos justos e puser fim às injustiças dos maus.
A afirmação de que não ficará pedra sobre pedra contrasta com o ensinamento final: é permanecendo firmes que vocês irão ganhar a vida. Os cristãos não precisam temer as instabilidades e turbulências da vida: a resistência da fé se faz acolhendo a força que vem de Deus e que se manifesta no Espírito de sabedoria que vem do próprio Deus, no momento presente. Em tempos de crise, é importante encontrar nosso apoio na estabilidade que é dada por Deus no coração profundo, superando nossa humana sensibilidade. As perseguições e os conflitos encontrarão aí um espaço que não poderão influenciar. É a partir deste núcleo firme e desta profundidade da vida cristã que se estrutura o testemunho que nós, cristãos, somos chamados a dar.
A paciência que o Senhor nos pede não é resignação ao sofrimento, mas uma atitude de perseverança que nos mantém na expectativa do mundo que Deus vai criar e nos engaja no serviço bem concreto para apressar a sua vinda. Na celebração, a ação do Espírito que opera na Igreja a santificação, reúna o nosso coração e nos dê a consciência para discernir e o amor para cumprir a vontade de Deus em cada momento presente.
(Extraído do subsídio Dia do Senhor)
Para refletir e partilhar:
1.   Quais são as “instabilidades e turbulências” do mundo atual que exigem do/a cristã/o resistência da fé?
2.   Como as crises pessoais, comunitárias, e sociais podem nos ensinar e nos fazer crescer na fé?
3.   “É permanecendo firmes que ireis ganhar a vida”. Comente estas palavras de Jesus no contexto do Evangelho e de hoje.

Oração
Deus da paz,
enche nossa vida com a alegria de te servir
com um coração indiviso
e faze-nos experimentar profundamente
a felicidade de trabalhar por ti, criador de tudo,
e por teu reino.
Por Cristo, nosso Senhor.
Amém.
Agostinha Vieira de Melo
Quem cochila desperte,
o que dorme levante!
Preparemos a estrada
do Senhor caminhante!


sábado, 6 de novembro de 2010

Deus não é Deus de mortos, mas de vivos! (XXXII DTC - Ano C)


Cerca de duzentos anos antes de Cristo, a partir da revolta dos Macabeus, formou-se em Israel a fé de que os justos ressuscitariam, enquanto os ímpios seriam esquecidos.  Era uma convicção muito difundida, da qual os saduceus, a aristocracia sacerdotal, preocupados com a manutenção de seus privilégios e resistentes à qualquer inovação, não partilhavam.  Para enfraquecer a influência de Jesus, apresentam um caso, baseado numa tradição de Israel – a lei do levirato (Dt 25, 5-10); quando um homem morre sem deixar filhos, seu irmão deve tomar sua mulher para dar descendência ao falecido.

A resposta de Jesus é clara: não se pode aplicar para vida de Deus as mesmas leis que regem as instituições e costumes humanos.  Os saduceus estão equivocados em sua repreensão sobre a ressurreição, pois esta não é uma repetição desta vida daqui, mas uma realidade completamente nova, ultrapassando as leis biológicas e psíquicas agora existentes, atingindo a própria realidade da vida de Deus.
A fé na ressurreição não é uma crença intelectual sobre o que vai acontencer depois da morte, mas um modo de viver a própria vida presente que nos faz, como ensinava o apóstolo Paulo aos romanos, não nos conformarmos às estruturas deste mundo, mas nos transformarmos pela renovação do coração e da mente. 
(Extraído do subsídio Dia do Senhor)
Para refletir e partilhar:
1. Como a sua fé na ressurreição ajuda você viver a vida presente?
2. Por quê projetar para a vida depois da morte a ordem social e os costumes da vida presente (como se a vida eterna fosse repetição da vida presente) pode ser perigoso? O que pensar da mulher nesta história?
3. Como a vida presente e a vida eterna estão relacionadas? No contexto atual, que força tem a afirmação de Jesus, "Deus não é Deus dos mortos"?
Oração


Ó Deus, criador da vida e protetor dos vivos.
Renova a nossa fé e ajuda-nos a trabalhar 
com perseverança para construir,
aqui na terra, o reino de justiça que aguardamos.
Atende-nos, ó nosso Deus, 
em nome de Jesus, nosso Senhor.
Amém.





Adolfo Temme
Bendigamos ao Senhor, pois eterno é seu amor.