XII Dom TC (Ano B): – Jó
38,1.8-11; Sl 106(107); 2Cor 5,14-17; Mc 4,35-41.
O trecho do Evangelho deste domingo (Mc 4, 35-41) faz
parte de uma seção maior onde Jesus revela seu poder sobre a natureza, a
possessão demoníaca (5, 1-20), a doença (5, 25-34) e a morte (5, 21 – 24,
35-43). A questão sobre a identidade de Jesus, fundamental no Evangelho de
Marcos, aparece na expressão que encerra a passagem, quando os discípulos
indagam, “Quem é esse homem, a quem até o vento e o mar obedecem?”
Ao controlar as forças da natureza, Jesus faz o mesmo
que Deus faz quando derrota as forças que ameaçam a vida (cf. Sl 107, 23-32). A
ordem de Jesus ao vento e ao mar, “Cale-se! Acalme-se!”, faz lembrar uma ordem
semelhante dada por Jesus ao um espírito mau quando libertou um homem possuído
por forças demoníacas (cf. 1, 25). O mar não só representa a instabilidade, o
desconhecido e o caos, mas também as forças do mal que atentam contra a vida
humana. Sobre elas, Jesus demonstra seu poder.
Ao questionar os discípulos dizendo, “Por que vocês
são tão medrosos? Vocês ainda não têm fé?”, Jesus faz a mais dura desaprovação
aos díscipulos até o momento no Evangelho de Marcos. Não fica claro se o
questionamento se refere a falta de fé nele ou em Deus. Se há falta de fé em
Deus, os discípulos deveriam demostrar confiança em Deus, assim como Jesus
demonstra (cf. 4, 38). Se há falta de fé em Jesus, os discípulos já deveriam
confiar nele e não cair no desespero.
O mundo moderno em que vivemos é caracterizado pelo
desenvolvimento científico e tecnológico que busca controlar as forças da
natureza. No entanto, hoje, o mal que atenta contra a vida humana parece não
estar no campo da natureza, mas nas ações egoísticas e gananciosas do ser
humano, cujo apetite incontrolável de alguns coloca em risco a vida de tantos
outros e o próprio mundo. Diante das ameaças de morte geradas pela ambição
humana, o Evangelho de hoje nos consola e sustenta, afirmando que o poder de
Deus em Jesus Cristo é vencedor de todas as forças do mal.
Oração
Senhor Jesus Cristo,
a quem até o vento e o mar
obedecem,
daí-nos a serenidade e a
confiança necessárias
para enfrentar os perigos e mal
que atentam contra a beleza da vida.
Amém.