segunda-feira, 31 de março de 2014

Eu creio, Senhor!

IV Dom. Quaresma (Ano A):  1 Sm 16, 1b. 6-7. 10-13a; Sl 22 (23); Ef 5, 8-14; Jo 9, 1-41


No evangelho, a cura do cego de nascença é um sinal que glorifica a obra do Pai mediante a ação do Filho Jesus. A cegueira não é consequência do pecado. Jesus fixa o olhar sobre o cego e o unge com barro, dando-lhe a ordem para ir lavar-se na piscina de Silóe (= enviado). Obediente à palavra, o cego mergulha na água do Enviado do Pai e renasce para uma nova existência. Os vizinhos não conseguem entender, mas o cego, despertado pelo encontro com Jesus, assume sua própria identidade. Fui, lavei-me e comecei a ver (v.11). Ele progride no conhecimento e experiência de Cristo até chegar a crer no Filho do Homem (v.35). Por causa da profissão de fé em Cristo, o cego enfrenta dificuldades. Expulso da sinagoga, ele representa a situação dos cristãos, separados da comunidade judaica por volta do ano 85 d.C, ao mesmo tempo, perseguidos e oprimidos pelo império romano. Em meio a uma realidade de dor e exclusão, os cristãos fundamentam sua identidade em Jesus, como o Filho do Homem. O encontro com Jesus, com sua presença reveladora, ilumina o caminho da fé: Eu creio, Senhor!

Na 1ª leitura, Davi é ungido rei, embora não fosse o filho primogênito. Deus toma a iniciativa de conduzir a história, escolhendo pessoas para serem seus instrumentos, sem levar em conta os méritos. A 2ª leitura salienta a necessidade de viver como filhos da luz, produzindo frutos de bondade, justiça e verdade.

Como o cego, é necessário percorrer o caminho para chegar à luz da fé em Cristo. É preciso mergulhar na graça, na água do Enviado do Pai, para ser testemunha autêntica do evangelho. Guiados pela presença do Senhor, não temeremos passar por vales tenebrosos ou adversidades.

 (Extraído da Revista de Liturgia)

Oração

Ó Pai, fonte de luz e de vida,
por teu filho Jesus Cristo
reconciliaste a humanidade dividida.
Arranca de nós toda a sombra de tristeza
e liberta-nos totalmente,
para que caminhemos cheios de alegria
para as festas pascais que se aproximam.
Por Cristo, nosso Senhor. 
Amém.

sábado, 22 de março de 2014

Senhor, dá-me dessa água.

III Dom. Quaresma (Ano A): Ex 17, 3-7; Sl 94 (95); Rm 5, 1-2. 5-8; Jo 4, 5-42



Jesus chega a Sicar, na Samaria, cuja população é composta de descendentes de israelitas e de povos estrangeiros, forçados a imigrar após a conquista da região pela Assíria (2Rs 17,24-41). A história da mulher representa, sobretudo, o povo samaritano, com sua religiosidade e divindades, simbolizadas, talvez pelos cinco maridos. O diálogo com Jesus sobre o culto e o Messias, revela a busca mais profunda da mulher e de todo o povo excluído ao qual pertence. Junto ao poço patriarcal, a mulher descobre a Fonte que sacia a sede em plenitude. O Messias, enviado por Deus, oferece o dom da água, símbolo do Espírito, que dá a vida eterna (7,37-39). O Espírito leva a conhecer e adorar a Deus como Pai, em verdade, inaugurando um culto novo. Os discípulos não compreendem a atitude de Jesus. Jesus, porém, declara: O meu alimento é fazer a vontade daquele que me enviou e levar a termo a sua obra (v.34). O encontro com Jesus e a escuta de sua palavra transforma a mulher. Também os samaritanos reconhecem que ele é verdadeiramente o Salvador do mundo (v.42).

Na 1ª leitura, Deus manifesta seu poder de salvação fazendo brotar água da rocha. A 2ª leitura destaca que Deus revelou seu amor gratuitamente em Cristo, libertando-nos do pecado e derramando em nós o Espírito Santo para nos guiar na vida nova em Cristo.

Jesus continua oferecendo a água viva, que sacia toda sede, promovendo a reconciliação e a superação dos preconceitos. Ele é o novo santuário, do qual brota a água do Espírito, que nos leva a viver uma nova forma de comunhão com o Pai e de relacionamento com os irmãos.

 (Extraído da Revista de Liturgia)

Oração

Ó Deus das promessas,
derrama tua bondade generosa sobre nós.
Pela energia amorosa do teu Espírito,
guia-nos e conduze-nos nesta terceira semana da quaresma,
para que bebamos sempre da água que é Cristo,
fonte que jorra para a vida plena,
e o anunciemos por nossa vida e palavras.
Por Cristo, nosso Senhor.
Amém.

segunda-feira, 17 de março de 2014

Este é o meu Filho amado, no qual eu pus todo meu agrado. Escutai-o.

II Dom. Quaresma (Ano A):   Gn 12, 1-4ª; Sl 32 (33); 2Tm 1, 8b-10; Mt 17, 1-9.


Escrito sobre o pano de fundo do relato da conclusão da aliança no Sinai (Ex 24,1-18), no qual aparece o símbolo da shekiná para designar a presença e a habitação de Deus junto ao seu povo, o relato da transfiguração foi organizado para mostrar que Jesus, por sua paixão e ressurreição, é a nova shekiná, tenda e morada de Deus para os seus discípulos. Daí o jogo simbólico com o qual se tece o texto: Jesus resplende de luz; a nuvem cobre o monte tal como antes invadia a tenda da reunião; Moisés e Elias, figuras-símbolo da lei e dos profetas, se fazem presentes para atestar que Jesus veio completar a história da salvação. Mateus apresenta plasticamente aquilo que João, mais tarde, iria expressar poeticamente: “A palavra se fez carne, armou sua tenda entre nós e nós vimos sua glória” (Jo 1,14).

Como uma espécie de anúncio pascal antecipado, revelando e confirmando a identidade profunda de Jesus, o filho amado de Deus, o fato da transfiguração antecipa aos olhos dos discípulos a glória do Cristo e os encoraja em sua missão, mas não tira nada da radicalidade do seguimento. Jesus é servo e sua glória passa pela cruz. A palavra de ordem é seguir e ouvir. Neste caminho, há exigências radicais, envolvendo a entrega da própria vida. O relato da transfiguração aponta para o nosso destino vitorioso e nos ensina a não ter medo e a não fugir dos sofrimentos que a nossa missão exige. A glória revelada está em estreita conexão com a obediência à palavra. Escutar a sua palavra passa a ser a forma suprema de adorá-lo e reverenciá-lo. O caminho cristão é um caminho de seguimento e identidade com Jesus, de aprender com ele, de ser filhos no Filho. O discípulo, iluminado pela palavra do Cristo, torna-se um ícone vivo e permanente da glória do Senhor.

Na tradição das Igrejas, os catecúmenos são chamado de “iluminandos”, isto é, os que se deixam transfigurar pela luz que vem de Deus. Paulo aos romanos (Rm 13,11), assumindo este simbolismo batismal, fala da armadura luminosa que o discípulo deve vestir. Não é à toa que, na celebração do batismo, o(a) batizado(a) recebe a luz de Cristo. O símbolo da luz, presente em todas as celebrações da comunidade, aponta para este aspecto de nossa identidade cristã: em Jesus nos tornamos filhos e filhas da luz, para a glória de Deus Pai.
 (Extraído do Dia do Senhor)

Oração

Ó Senhor, nosso Deus,
que nos mandaste ouvir o teu Filho muito amado,
alimenta-nos sempre com a tua palavra, para que, com fé firme e pura,
tenhamos nossa alegria na glória de Cristo,
por quem te pedimos, na unidade do Espírito Santo. 
Amém.


domingo, 9 de março de 2014

Não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus.

I Dom. Quaresma (Ano A):    Gn 2,7-9; 3,1-7; Sl 50; Rm 5,12-19; Evangelho - Mt 4,1-11



Jesus, pleno do Espírito Santo, é provado, mas mantém-se fiel à vontade do Pai. Ele revela ser o Messias Servo, solidário com os pobres e excluídos, rejeitando o poder, a glória política e religiosa, as soluções fáceis. Os quarenta dias simbolizam especialmente os quarenta anos passados por Israel no deserto (Nm 14,34). Jesus revive a experiência da fome e da confiança do povo na providência divina. Ele é tentado a transformar as pedras em pães, como no tempo do maná, mas vence a provação, demonstrando a necessidade essencial de alimentar-se da palavra de Deus (v.4; Dt 8,3). No ponto mais alto do templo de Jerusalém, Jesus rejeita todo o desejo de prestígio e afirma que Deus não deve ser colocado à prova (v.7; Dt 6,16). Numa montanha muito alta, Jesus vence a tentação de poder e domínio sobre o mundo, afirmando que somente o Senhor deve ser adorado e servido (v.10; Dt 6,13). O diabo, opositor da obra de Deus Pai e do Filho, retira-se derrotado. Deus envia seus mensageiros para alimentar o Filho, que segue com fidelidade o seu plano.

Na 1ª leitura, o ser humano é ressaltado como criatura de Deus, modelado com amor e animado por seu sopro vital. Colocado no jardim do universo, tem a possibilidade de conhecer o bem e o mal e de escolher o caminho da vida. O salmista ensina a abrir o coração para acolher a misericórdia do Senhor. A 2ª leitura, ao comparar Jesus Cristo com a humanidade pecadora, salienta que onde se multiplicou o pecado, a graça transbordou.

Jesus nos ensina a vencer as tentações de prestígio, poder, riqueza sem compromisso com a justiça e a ética. Recebemos o sopro da vida para mantermos uma relação filial, amorosa com Deus e com sua palavra.
 (Extraído da Revista de Liturgia)

Oração

Deus das misericórdias,
dá-nos a graça de crescer, ao longo desta quaresma,
no seguimento de Jesus Cristo e de corresponder ao seu amor
com uma vida segundo o seu evangelho.
Por Cristo, nosso Senhor.

Amém.

sábado, 1 de março de 2014

Vós não podeis servir a Deus e ao dinheiro.



Jesus propõe uma opção radical em favor do Reino ao afirmar que ninguém pode servir a dois senhores (v.24). Não há como servir ao verdadeiro Deus e ao mamon, expressão grega que caracteriza o dinheiro, as riquezas, as posses, o lucro ganancioso. A excessiva preocupação com os bens terrenos escraviza e leva ao fechamento, tornando impossível a solidariedade. É necessário colocar o coração em Deus, confiar em sua salvação, para não ser escravo das preocupações cotidianas. Não fiquem preocupados com a vida, com o que comer; nem com o corpo, com o que vestir (v.25). A palavra de Jesus ensina a viver não uma confiança passiva na providência divina, nem o desprezo das exigências materiais. O convite a olhar os pássaros do céu e os lírios do campo ressalta o cuidado do Pai, dispensado a todos os seres criados. Orienta os discípulos/as a buscar o essencial, a não perder de vista a finalidade de uma vida colocada a serviço do Reino. A fé, o abandono nas mãos de Deus conduz a um engajamento ativo na construção de um mundo justo e fraterno.

Na 1ª leitura, o povo tem dificuldade de acreditar que chegou o tempo da graça, da libertação, da volta para sua terra natal. A Sião-Jerusalém, por tão longo tempo privada de seus filhos exilados, experimenta a consolação que vem de Deus. O salmo convida a confiar sempre no Senhor, pois ele é o rochedo, o refúgio e a salvação. A 2ª leitura acentua que somos servos de Cristo e administradores dos mistérios de Deus. Em meio aos desafios da missão, o que importa é a fidelidade ao evangelho de Cristo.

Deus revela-se como uma mãe e um pai, que cuida e providencia o necessário para os filhos viverem com dignidade. Ele nos acompanha com sua graça para que possamos colaborar na realização plena de seu Reino de amor e justiça. Com o salmista, coloquemos nossa confiança no Senhor.

 (Extraído da Revista de Liturgia)
Oração

Ó Deus, pai e mãe do universo,
nesta celebração, nós te entregamos as preocupações
com nossa sobrevivência e com nosso futuro.
Conduze nossas ações, pensamentos e palavras,
para que sejam sinais da justiça do teu reino.
Por Cristo, nosso Senhor. 
Amém.