sábado, 19 de março de 2011

Este é o meu Filho amado, no qual eu pus todo meu agrado. Escutai-o

II Dom. Quaresma (Ano A): Gn 12, 1-4ª; Sl 32 (33); 2Tm 1, 8b-10; Mt 17, 1-9


Escrito sobre o pano de fundo do relato da conclusão da aliança no Sinai (Ex 24,1-18), no qual aparece o símbolo da shekiná para designar a presença e a habitação de Deus junto ao seu povo, o relato da transfiguração foi organizado para mostrar que Jesus, por sua paixão e ressurreição, é a nova shekiná, tenda e morada de Deus para os seus discípulos. Daí o jogo simbólico com o qual se tece o texto: Jesus resplende de luz; a nuvem cobre o monte tal como antes invadia a tenda da reunião; Moisés e Elias, figuras-símbolo da lei e dos profetas, se fazem presentes para atestar que Jesus veio completar a história da salvação. Mateus apresenta plasticamente aquilo que João, mais tarde, iria expressar poeticamente: “A palavra se fez carne, armou sua tenda entre nós e nós vimos sua glória” (Jo 1,14).

Como uma espécie de anúncio pascal antecipado, revelando e confirmando a identidade profunda de Jesus, o filho amado de Deus, o fato da transfiguração antecipa aos olhos dos discípulos a glória do Cristo e os encoraja em sua missão, mas não tira nada da radicalidade do seguimento. Jesus é servo e sua glória passa pela cruz. A palavra de ordem é seguir e ouvir. Neste caminho, há exigências radicais, envolvendo a entrega da própria vida. O relato da transfiguração aponta para o nosso destino vitorioso e nos ensina a não ter medo e a não fugir dos sofrimentos que a nossa missão exige. A glória revelada está em estreita conexão com a obediência à palavra. Escutar a sua palavra passa a ser a forma suprema de adorá-lo e reverenciá-lo. O caminho cristão é um caminho de seguimento e identidade com Jesus, de aprender com ele, de ser filhos no Filho. O discípulo, iluminado pela palavra do Cristo, torna-se um ícone vivo e permanente da glória do Senhor.

Na tradição das Igrejas, os catecúmenos são chamado de “iluminandos”, isto é, os que se deixam transfigurar pela luz que vem de Deus. Paulo aos romanos (Rm 13,11), assumindo este simbolismo batismal, fala da armadura luminosa que o discípulo deve vestir. Não é à toa que, na celebração do batismo, o(a) batizado(a) recebe a luz de Cristo. O símbolo da luz, presente em todas as celebrações da comunidade, aponta para este aspecto de nossa identidade cristã: em Jesus nos tornamos filhos e filhas da luz, para a glória de Deus Pai.
(Extraído do Dia do Senhor)

Para refletir e partilhar:
01. Você acredita que hoje as pessoas, a exemplo de Jesus, revelam sua identidade mais profunda? Por quê?
02. Como discípulo/a de Jesus você e sua comunidade têm buscando ouvir sua Palavra? Como esta experiência ajuda a seguir o seu caminho? Partilhe.
03. Qual a palavra que mais chamou a sua atenção este Evangelho? Comente.


Oração

Ó Senhor, nosso Deus,
que nos mandaste ouvir o teu Filho muito amado,
alimenta-nos sempre com a tua palavra,
para que, com fé firme e pura,
tenhamos nossa alegria na glória de Cristo,
por quem te pedimos, na unidade do Espírito Santo.
Amém.


sábado, 12 de março de 2011

Não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus.

I Dom. Quaresma (Ano A): 1ª Leitura - Gn 2,7-9; 3,1-7; Salmo - Sl 50
                                            2ª Leitura - Rm 5,12-19; Evangelho - Mt 4,1-11


Jesus, pleno do Espírito Santo, é provado, mas mantém-se fiel à vontade do Pai. Ele revela ser o Messias Servo, solidário com os pobres e excluídos, rejeitando o poder, a glória política e religiosa, as soluções fáceis. Os quarenta dias simbolizam especialmente os quarenta anos passados por Israel no deserto (Nm 14,34). Jesus revive a experiência da fome e da confiança do povo na providência divina. Ele é tentado a transformar as pedras em pães, como no tempo do maná, mas vence a provação, demonstrando a necessidade essencial de alimentar-se da palavra de Deus (v.4; Dt 8,3). No ponto mais alto do templo de Jerusalém, Jesus rejeita todo o desejo de prestígio e afirma que Deus não deve ser colocado à prova (v.7; Dt 6,16). Numa montanha muito alta, Jesus vence a tentação de poder e domínio sobre o mundo, afirmando que somente o Senhor deve ser adorado e servido (v.10; Dt 6,13). O diabo, opositor da obra de Deus Pai e do Filho, retira-se derrotado. Deus envia seus mensageiros para alimentar o Filho, que segue com fidelidade o seu plano.

Na 1ª leitura, o ser humano é ressaltado como criatura de Deus, modelado com amor e animado por seu sopro vital. Colocado no jardim do universo, tem a possibilidade de conhecer o bem e o mal e de escolher o caminho da vida. O salmista ensina a abrir o coração para acolher a misericórdia do Senhor. A 2ª leitura, ao comparar Jesus Cristo com a humanidade pecadora, salienta que onde se multiplicou o pecado, a graça transbordou.

Jesus nos ensina a vencer as tentações de prestígio, poder, riqueza sem compromisso com a justiça e a ética. Recebemos o sopro da vida para mantermos uma relação filial, amorosa com Deus e com sua palavra.

(Extraído da Revista de Liturgia)


Para refletir e partilhar:
01. De que forma hoje nós e nossas comunidades são colocadas à prova? O que nos mantém firmes no caminho do Reino e nos ajudam a resistir as provações do acúmulo, do prestígio e do poder?
02. Como viver a vida de acordo com este Evangelho? O que ele nos ensina sobre o cuidado da vida do Planeta?

Oração

Deus das misericórdias,
dá-nos a graça de crescer, ao longo desta quaresma,
no seguimento de Jesus Cristo e de corresponder ao seu amor
com uma vida segundo o seu evangelho.
Por Cristo, nosso Senhor.
Amém.


sábado, 5 de março de 2011

Quem ouve estas minhas palavras e as põe em prática...

IX Dom. TC (Ano A): 1ª Leitura - Dt 11,18.26-28.32; Salmo - Sl 30
                               2ª Leitura - Rm 3,21-25a.28; Evangelho - Mt 7,21-27


O evangelho encerra o Sermão da Montanha (caps. 5 a 7), focalizando a relação entre a palavra e a ação. Senhor! Senhor! É uma aclamação litúrgica, que expressa a fé da comunidade reunida em oração. Mas a fé deve ser integrada com a vida através de ações misericordiosas e transformadoras, como as que foram reveladas ao longo do sermão. Cumprir a vontade do Pai (v.21) é a condição indispensável para fazer parte do Reino de Deus. A fé coerente e verdadeira de quem realiza a vontade de Deus é acentuada por Jesus mediante a imagem da construção de duas casas. O primeiro construtor é sábio, pois edifica a casa sobre fundamentos sólidos, capazes de resistir às chuvas torrenciais e aos ventos impetuosos. Já o segundo é insensato, porque constrói a casa sobre o terreno que desmorona com facilidade. A comparação mostra que os verdadeiros discípulos constroem sobre a rocha, sobre Cristo e sua Palavra. 

A 1ª leitura recorda o discurso de Moisés para salientar a necessidade de gravar a palavra do Senhor no coração, deixando-a sempre diante dos olhos. O povo escolhe o caminho da bênção, seguindo com fidelidade os mandamentos de Deus. O salmo revela a bondade e a compaixão de Deus, que socorre os oprimidos. Paulo, na 2ª leitura, destaca que a humanidade pecadora é salva pela graça de Deus, em virtude da redenção realizada em Jesus Cristo.

Somos chamados/as a manifestar nossa fé em Jesus não só por palavras, mas esforçando-nos para cumprir a vontade de Deus. É preciso alicerçar a vida e a comunidade sobre Jesus, a rocha firme, confiando em sua graça para superar as adversidades e desafios decorrentes da missão.

(Extraído da Revista de Liturgia)
Para refletir e partilhar:


1. Qual o lugar que a Palavra de Deus ocupa em sua vida? Ouvir e praticar os ensinamentos de Jesus constituem um desafio para a Igreja hoje? Compartilhe.
2. O que significa, afinal, construir a casa sobre a rocha?
3. Destaque um ensinamento do sermão da montanha (Mt 5-7) que é particularmente uma boa-notícia para o mundo atual.


Oração

Ó Deus, pai e libertador nosso,
o teu amor por nós não falha nunca.
Olha o teu povo aqui reunido
e afasta de nós tudo o que nos oprime e humilha.
Ajuda-nos a experimentar o teu amor por nós,
em comunhão com Jesus, teu filho,
na unidade do Espírito Santo.
Amém.