segunda-feira, 27 de abril de 2009

Sou eu mesmo (III DTP)

Vejam minhas mãos e meus pés: sou eu mesmo. (Lc 24, 39)

O Evangelho deste domingo começa com o relato sobre o retorno dos dois díscipulos de Emaús à Jerusalém: "Então os dois contaram o que tinha acontecido no caminho, e como tinham reconhecido Jesus quando ele partiu o pão" (24, 35). De repente, Jesus aparece no meio deles e diz, "A paz esteja com vocês." Os discípulos ficaram espantados e cheios de medo, pois pensavam estar vendo um espírito (πνεῦμα). Em seguida, de todo modo Jesus mostra aos discípulos a realidade da sua ressurreição. "Vejam minhas mãos e meus pés: sou eu mesmo. Toquem-me e vejam: um espírito (πνεῦμα) não tem carne e ossos, como vocês podem ver que eu tenho. E dizendo isso, Jesus mostrou as mãos e os pés" (24, 39-40). Depois, Jesus come um peixe grelhado diante deles.

Lucas enfatiza a realidade da ressurreição de Jesus. Jesus ressuscitado não é um espírito desencarnado e nem fruto da imaginação ou do delírio emocional dos discípulos. Ele não é um espírito, mas o mesmo Jesus de Nazaré que andou com eles de aldeia à aldeia na Galiléia, anunciando a Boa Notícia do Reino de Deus. O ressuscitado é o mesmo Jesus que por causa das suas palavras e ações foi crucificado e que ainda traz consigo as marcas da violência da cruz. A ressurreição não se contrapõe à realidade humana do Nazareno, mas a realiza totalmente. É interessante notar a realidade corpórea de Jesus, de "carne e osso." E esta realidade pode ser experimentada: "Vejam... olhem... toquem-me." Na ressurreição de Jesus o corpo não é negado, mas afirmado, "toquem-me."

Em seguida, assim como aos discípulos de Emaús, Jesus explica as Escrituras a comunidade reunida em Jerusalém. "Então Jesus abriu a mente deles para entenderem as Escrituras" (24, 45). Jesus mesmo faz a exegese dos textos bíblicos para os discípulos. Para Lucas, a leitura da bíblia a partir da ótica da ressurreição dá sentido ao sofrimento e a morte do Messias. A comunidade dará continuidade ao trabalho exegético de Jesus (cf. At 8, 26-40). E o estudo bíblico será parte fundamental da iniciação cristã.

Caberá ainda a comunidade cristã anunciar no nome de Jesus "a conversão e o perdão dos pecados a todas as nações, começando por Jerusalém." (24, 47). Finalmente, Jesus afirma, "E vocês serão testemunhas (μάρτυρες) disso." (24, 48)

Bendito sejas, Senhor Deus,
pela ressurreição de Jesus de Nazaré,
seu Filho e nosso irmão.
Bendito sejas, pela verdade que hoje Ele nos comunica:
"Vejam minhas mãos e meus pés:
sou eu mesmo."
Bendito sejas, pela missão que Ele confia a sua comunidade primitiva e a nós:
"E vocês serão testemunhas disso."
Amém. Aleluia.



sábado, 11 de abril de 2009

Vigília Pascal

"Transbordamos de alegria pascal,
porque hoje o Cristo, nossa Páscoa, foi imolado;
morrendo destruiu a morte,
e ressurgindo deu-nos a vida."


(Prefácio da Páscoa)





sexta-feira, 10 de abril de 2009

Sexta-Feira Santa

... 'Tudo está realizado.' E, inclinando a cabeça, entregou o espírito. (Jo 19, 30)

Cantar a Paixão do Senhor

É, primeiro,
cantar o pranto de uma perda irreparável,
cantar a dor e o protesto do inocente injustiçado,
cantar a tristeza, sem fim, d'Aquele que
"veio para o que era seu e os seus não o receberam"(Jo 1,11)…

É, nas suas chagas,
Prantear as dores de todos os oprimidos da terra,
Nos quais continua a Paixão, pois,
"Todas as vezes que fizerdes isto a um destes meus irmãos,
mais pequeninos,foi a mim mesmo que o fizestes" (Mt 25,40)

É, depois,
Cantar a confiança do Servo Sofredor,
Que se entregou, sem reservas, nas mãos d'Aquele que o pode livrar
"do poder do inimigo e do opressor" (Sl 31,16)
e aguardar com ânimo forte e resistente a sua salvação.

É, nesta confiança sem limites, que o canto nos inspira,
Abandonar-nos em Cristo nas mãos do Pai, para a realização dos seus desígnos:
"Pai, em vossas mãos entrego o meu espírito" (Lc 23,46)

É, finalmente,
Cantar a vitória do Amor e a glória d'Aquele que
"Se fez por nós obediente até a morte e morte de cruz.
Por isso Deus o exaltou…" (Fl 2,8-9)…
(Hinário Litúrgico - CNBB)


Senhor Jesus Cristo,
por vossa paixão e morte,
fazei-nos mais solidários e compassivos
com todas as sofredoras e sofredores da Terra.
Amém.


quinta-feira, 9 de abril de 2009

Quinta-feira Santa

Então, Jesus se levantou da mesa, tirou o manto, pegou uma toalha e amarrou-a na cintura. Colocou água na bacia e começou a lavar os pés dos discípulos... (Jo 13, 4-5)

"João salienta o gesto de Jesus lavando os pés dos seus e deixando, como seu testamento em palavra e exemplo, fazer-se o mesmo entre os irmãos. Não ordena repetir um rito, mas fazer como ele, isto é, refazer em todo tempo e em toda comunidade, gestos de serviço mútuo - não padronizados, mas nascidos da criatividade daquele que ama -, através dos quais torne-se presente o amor supremo do Cristo pelos seus ("amou-os até o fim"). Todo gesto de amor se torna, portanto, "sacramento", isto é, visibilização, encarnação, linguagem simbólica, da única realidade: amor do Pai em Cristo, o amor, em Cristo, de todos os que crêem."
(Extraído do Missal Dominical - Missal da Assembléia Cristã, Paulus)


Senhor Jesus Cristo,
Servo e Senhor,
ajudai-nos a viver o mistério da Eucaristia,
no serviço generoso aos irmãos e irmãs,
sobretudo, aos mais pobres e excluídos.
Amém.




domingo, 5 de abril de 2009

Ramos e Paixão - B

...De fato, esse homem era mesmo Filho de Deus! (Mc 15, 29)

Hoje celebramos a abertura da Semana Santa. A liturgia nos oferece duas leituras evangélicas que se contrastam e se complementam. Na primeira leitura (Mc 11, 1-10 ou Jo 12, 12-16) ouvimos sobre a entrada de Jesus em Jerusalém sob os gritos da multidão aclamando: "Hosana! Bendito aquele que vem em nome do Senhor, o Rei de Israel!" A leitura apresenta Jesus como o Rei-Messias que entra em Jerusalém para ser glorificado (c.f. Jo 12, 16). Já aqui, vemos sinais sobre que tipo de Messias Jesus realmente é. Ele não entra na Cidade Santa montado num cavalo de guerra ou como um rei que necessita de um exército para reinforçar suas leis e impor seus planos de poder. Ele entra sim, montado num jumentinho, como um homem simples e pacífico.

A segunda leitura, a narrativa da paixão segundo Marcos (14,1-15,47), apresenta o conflito decisivo e final entre Jesus e as autoridades do seu tempo. Ela também revela a incompreensão dos discípulos sobre Jesus e sua missão. A realidade da cruz choca e escandaliza. Jesus parece não corresponder mais à imagem do tão esperando Messias-Rei-Libertador. Jesus, Servo-Messias-Sofredor, é praticamente abandonado na cruz. Todavia, um centurião romano, figura improvável (pagão, não discípulo, etc), presenciando o último suspiro de Jesus na cruz, professa sua fé e declara, " ...De fato, esse homem era mesmo Filho de Deus!" Esta profissão de fé se torna modelo para o verdadeiro discípulo de Jesus; reconhecer no Crucificado, a Boa Notícia, o Messias, o Filho de Deus, conforme anunciado no primeiro versículo do Evangelho de Marcos.



Ó Pai,
celebrando com fé
a memória da entrada do vosso Filho em Jerusalém,
seguimos os passos de nosso Salvador para que,
associados pela graça à sua cruz,
participemos também de sua ressurreição e de sua vida.
Por Cristo,
nosso Senhor.
Amém.